Há cinco anos, pássaro faz ninho em lustre e é a alegria da casa

Ave utiliza ninho em lustre duas vezes por ano

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Ave utiliza ninho em lustre duas vezes por ano

“Olha, vem pra cá, faz silêncio. Não, não tira a foto daí, se não a mãe não vai querer entrar na sala e alimentar os bebês”, disse o jornalista Walter Maiolino para a fotógrafa da equipe, mostrando o zelo com o qual ele trata o ninho de cambacica (também conhecida como sibite e sebinho) que há cinco anos é mantido no lustre do apartamento em que reside, na região do Carandá, em Campo Grande. 

Do nascimento ao primeiro voo, quando os filhotes finalmente abandonam o ninho, são cerca de 12 dias. Por isso, no local, porta e janela da varanda não se fecham mais. Limpar o lustre e acender a lâmpada, então, está fora de cogitação. O máximo que o morador faz é colocar um jornal em cima do sofá para que não suje o estofado e para que fique mais fácil a limpeza. “Quando eles vieram a gente demorou a perceber. Começamos a estranhar a sujeira na sala, daí um dia olhei para cima e vi o ninho”, conta Maiolino.

A decisão de manter a morada tem a ver com o prazer que a sintonia do apartamento com a natureza provoca. “Isso pra mim é a coisa mais bonita. Vem vizinho, vem gente de todo canto ver, porque é lindo demais. As pessoas não sabem que isso é possível, eu mesmo nunca tinha visto coisa igual. Então a gente deixa porta e janela aberta para que a mãe se sinta à vontade de retornar outras vezes e usar o mesmo ninho”, relata.

Ninhadas

Pelas contas de Maiolino, cerca de 30 filhotes já passaram pelo local, sempre com o mesmo ritual. Depois de construído o ninho, todo ano os ‘pais’ retornam ao apartamento para incrementar as instalações, a cada seis meses, e chocar os ovos. “Vem o pai e a mãe. Eles param na grade da janela, observam o movimento e entram com os gravetos. É interessante como eles conseguem trançar tudo. Depois o pai some e fica só a mãe vindo de tempos em tempos. Mas nos primeiros três dias ela mora com os bebês, depois só vem para alimentar”, aponta.

E dá até para marcar no relógio: com os três filhotes famintos, a ‘mamãe’ entra na sala em voos rasantes a cada 20 minutos, em média, com a alimentação guardada no papo – basicamente seiva, assim como fazem os beija-flores. Depois de alimentado, o filhote que está na ponta passa a ‘sujeira’ do ninho, que entrega no bico da mãe. “Eles são higiênicos”, comenta.

São duas ninhadas de três filhotes por ano, mas em 2015 foi diferente. “Esta é a terceira ninhada, acho que porque a segunda só vingou um filhote, que inclusive caiu do ninho, mas eu corri lá e coloquei ele de volta”, conta Maiolino. Nesses cinco anos, ele só interferiu na instalação uma vez. “Precisei mover o ninho porque ele estava vindo demais pro lado esquerdo e o lustre ficava pendendo e rodando. E foi só essa vez. Agora, quando é tempo de ninhada, eles só fazem mexer na estrutura que já tem. É esse espetáculo duas vezes ao ano e eu tenho muito orgulho disso”, conclui.

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