Casa ficou conhecida pelo tradicional soba e yakisoba

Um dos restaurantes mais marcantes da memória dos campo-grandenses mudou de nome e de endereço. A tradicional ‘Sobaria da Dona Maria’ localizada no coração do bairro Cabreúva – na Avenida Ernesto Geisel agora será ‘Restaurante Yaki Soba Top’ e em novo prédio, na Rua 14 de Julho, nº 3.472.

O que pouca gente sabe, inclusive nós do MidiaMAIS também fomos surpreendidos, é que a Dona Maria não existe. Pra você, que assim como nós, pensava que quem fazia o famoso sobá era uma senhorinha japonesa apelidada de Maria, está muito enganado. Na verdade ela é o seu Toshio. “A dona Maria era a esposa do antigo sócio, que ficava a principio, no caixa e como precisávamos dar um nome para o restaurante, ficou D. Maria e não é que pegou?”, brinca.

Pois bem, o nome pegou tanto que por 20 anos, a Dona Maria era referência no quesito de tempero, principalmente do sobá e yakisoba. Só que, o tempero em si, quem deu aos pratos que compõem o cardápio do restaurante, foi o próprio Toshio.

“Tinha saudade de comer comida japonesa e quando firmamos sociedade, eu mesmo fui para a cozinha pra orientar a turma”, relembra.

A mudança para o novo endereço se deu por conta de manter num só local, o que Toshio oferecia em dois restaurantes. Segundo ele, opção pelo prédio da 14 de Julho foi por uma questão de poder ampliar e até oferecer espaço às crianças.

“Lá tem mais espaço e vou poder mexer na estrutura…penso em colocar um cercado de blindex com tapetes para as crianças ficarem enquanto os pais jantam”, revela.

Toshio Hisaeda, que tem 65 anos, mudou para o Brasil quando tinha 25 anos. Veio, segundo ele, por pura curiosidade. Em Campo Grande, chegou logo depois da divisão do Estado, em 1977 e por aqui ficou. Ainda de acordo com ele, logo que inauguraram a Sobaria da Dona Maria, o cardápio já suportava o primeiro sushi da cidade, além de outras iguarias tipicamente japonesas.

“Eu tinha que por o sobá, porque já tinha caído no gosto dos campo-grandenses, mas no Japão, o sobá é feito com macarrão transparente e não vai omelete e nem cebolinha… tive que incrementar ao gosto popular, mas fizemos outras receitas”, conta.

O cardápio é simples, mas possui 17 páginas com fotos e até ficha técnica dos pratos e vinhos oferecidos pela casa. Dentre elas, os quatro combinados de sushis para atender a todos os gostos e preços e outros pratos que levam o gosto oriental, como atum, kani kama, salmão, polvo e a raiz forte (whasabi), são feitos sob a cozinha que fica aberta, para o cliente poder acompanhar o preparo.

Sobre o carro chefe da casa, que é o yakisoba, Toshio revela que foi incrementado, pois o verdadeiro mesmo é sem muito molho e com frutos do mar. “A gente fez de acordo com o paladar local, só que eu prefiro comer o tradicional que leva polvo e até peixe de carne branca”, diz.

Funcionário nota dez

Não diferente do restaurante que é conhecido popularmente, os funcionários que lá trabalham, também tem um histórico parecido. Há 17 anos trabalhando como garçom, Ronald Matias, 39 anos, diz que nem imaginaria que o classificados do jornal na época, daria a ele, o emprego da sua vida.

“Eu vi no jornal que estavam pegando garçom e me candidatei, tenho um irmão que trabalha aqui também e não me vejo fazendo outra coisa porque é muito gratificante ver a felicidade do cliente”, pontua.

Um dos clientes mais assíduos do local, o médico Jorge Vasconcelos, 63 anos, diz que frequenta a casa pelo menos três vezes por semana. “Gosto do ambiente, é familiar e principalmente da qualidade do que é oferecido, uma vez que, se tratando de comida crua, tem de ter certo cuidado e fora que é sempre muito gratificante encontrar o Toshio, que já virou um grande amigo”.

Toshio que tem outro empreendimento e diz que só mantém a sobaria por uma única admiração: “gosto de ver as pessoas comendo e satisfeitas; isso não tem preço”.