‘Sinto falta de tranquilidade para compôr’, diz Flávio Venturini

Flávio Venturini enfim quebrou o jejum no final de 2020 ao lançar Paisagens Sonoras, disco com 12 faixas inéditas

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Depois de ficar cerca de sete anos sem gravar ou lançar músicas inéditas, o cantor, compositor e instrumentista Flávio Venturini enfim quebrou o jejum no final de 2020 ao lançar Paisagens Sonoras, disco com 12 faixas inéditas. No entanto, o caminho a seguir não foi como o esperado: a pandemia se intensificou nos meses seguintes, casas de show continuaram fechadas e Venturini, assim, não pôde levar seus novos cantos pelo Brasil.

Agora, um ano depois do lançamento do disco, o mineiro começa enfim a fazer a jornada de tocar, experimentar e sentir essas músicas por aí. Em São Paulo, ele se apresenta nesta quarta-feira, 17, na casa de shows Blue Note. A ideia, segundo ele contou ao jornal O Estado de S. Paulo, é fazer uma mistura: cinco músicas do novo disco, algumas do trabalho instrumental e músicas importantes da carreira, como Espanhola, Clube da Esquina II e Todo Azul do Mar.

“Fizemos um pouco de divulgação em Belo Horizonte quando lancei Paisagens Sonoras em dezembro do ano passado. Fiz algumas pequenas turnês para experimentar, com meia plateia, em agosto e setembro. Estou formatando um show novo. Ele está nascendo”, conta ele, que acaba de completar 45 anos de carreira. Mas não vai ter comemoração para a data, já adianta. “Vou focar em Paisagens Sonoras para esse projeto não morrer na praia”.

Entre composições

No novo disco, que começa a circular nas casas de shows, chamam a atenção canções como Viver a Vida, Uma Cidade, Um Lugar e Azul com Poeiras de Ouro.

Elas possuem uma tonalidade diferente desses outros sucessos de Venturini, graças aos arranjos de nomes como Torcuato Mariano e Keco Brandão, mas ainda contam com a forte essência desse cantor que marcou gerações que entoaram suas músicas, do 14 Bis ao Clube da Esquina.

Venturini, porém, conta que parte disso vem de uma safra de outros tempos. “Esse projeto vem de uma coisa boa que eu tenho que é ter muitas composições inéditas, principalmente dos anos 1990 e 2000. Eu escrevi muito nessa época, quando morei no Rio. Me fez bem”, diz. “Estou tentando digitalizar isso, passando uma peneira. É muito gostoso passar por todos esses momentos. São muitas vertentes, por isso até que fui para o trabalho solo.”

Falando em digitalização, Venturini parece ser o contrário do que acontece atualmente na indústria fonográfica como um todo: sua calma, afinal, contrasta com a correria, a pressa e a celeridade dos lançamentos em meios digitais. “Não dá para acompanhar tudo o que acontece. É muita coisa ao mesmo tempo. São milhares de músicas novas nas plataformas digitais. Cada um escolhe o seu caminho. Eu não faço música para fazer sucesso”, conta.

Suas canções, 45 anos depois dos primeiros passos em Belo Horizonte, continuam olhando para as belezas ao redor — a vespa fabricando mel, a paisagem da janela, o azul do mar. Isso é algo possível nesse mundo agitado e conectado? “Eu gosto de acompanhar sonoridades novas, pra que lado a música tá indo, o que estão gravando. Eu modernizei minha música no sentido da tecnologia. Gosto de teclado, de internet, dos computadores, das redes. Mas eu sinto falta de tranquilidade para compor. Nos anos 1990, a gente não tinha celular. A vida era mais tranquila, era também mais leve”, afirma o cantor ao jornal O Estado de S. Paulo.

No entanto, apesar da ausência de tranquilidade, Venturini não para: a ideia é transformar Paisagens Sonoras em uma trilogia. “Primeiro, eu quero fazer uma turnê nacional, seja com banda, duo ou trio, divulgando o primeiro volume. Depois, ano que vem, quero começar Paisagens Sonoras 2. Não sei exatamente como vai ser. Tenho até músicas, mas queria alguns encontros com cantores e pessoas importantes ligadas ao meu trabalho”, finaliza.

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