Vídeo da morte de Foley pode ter tido partes encenadas, dizem especialistas

Especialistas analisaram o vídeo divulgado pelo grupo jihadista Estado Islâmico no qual o jornalista americano James Foley é decapitado, e perceberam que — ainda que não restem dúvidas sobre a morte do jornalista — partes do vídeo parecem bem ensaiadas, como se tratasse de uma atuação. Um dos especialistas estranhou o fato de Foley permanecer […]

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Especialistas analisaram o vídeo divulgado pelo grupo jihadista Estado Islâmico no qual o jornalista americano James Foley é decapitado, e perceberam que — ainda que não restem dúvidas sobre a morte do jornalista — partes do vídeo parecem bem ensaiadas, como se tratasse de uma atuação.

Um dos especialistas estranhou o fato de Foley permanecer sem qualquer sinal de terror no rosto, mesmo no momento em que uma faca é colocada em seu pescoço.

“Quando uma faca se aproxima de seu pescoço, seus joelhos se dobram e seu corpo amolece, no entanto, ele permaneceu ereto. Imagino que a faca usada no vídeo não foi a faca que o matou, e que o vídeo em si tenha sido encenado”, afirmou um dos especialistas ao “International Business Times”.

Após o momento em que o executor se aproxima e começa a cortar a cabeça de Foley, o vídeo tem um corte. A próxima parte mostra a cabeça de Foley já cortada e colocada sobre seu corpo, virado de barriga para baixo. Suas mãos estão algemadas, mas seu tornozelo direito tem feridas que indicam que ele passou mais tempo ajoelhado no chão do que o vídeo mostra. Além disso, a cena final do vídeo traz uma faca diferente ao lado do cadáver de Foley.

“Ele está obviamente morto, mas aquele momento em particular foi encenado, e é por isso que ele não se contorce”, afirmou o especialista.

Joe Fields, da Breakthru Productions, um estúdio londrino, notou que o vídeo foi bem produzido, e que o homem mascarado parece estar falando frases bem ensaiadas.

O que chamou a atenção de Fields foi o microfone colocado na roupa de Foley, que se assemelha aos usados nos estúdios de televisão para que o áudio seja gravado sem necessidade de edição ou dublagens.

Todos esses elementos levantam a possibilidade de que o homem mascarado falando com sotaque britânico no vídeo não seja o responsável pela morte de Foley, e sim alguém que assumiu esse papel para a fabricação do vídeo.

Paul Kerswill, especialista em linguística da Universidade de Nova York descreveu o sotaque do homem mascarado como “londrino e multicultural”, criado no Leste da capital britânica a partir de pessoas das mais variadas origens.

Já a Dr. Claire Hardaker, especialista em linguística da Universidade Lancaster diz ter ouvido um sotaque britânico do sul, provavelmente de Londres, Kent ou Essex.

Peter Neumann, diretor do Centro Internacional de Estudos da Radicalização, da King’s College, em Londres, acredita que o homem com sotaque britânico tenha sido escolhido especificamente pelos militantes para causar mais impacto entre os países ocidentais.

“ Isto é algo importante, pois significa uma guinada nas ameaças ao Ocidente”, afirmou Neumann. — Eles estão dizendo: “Vamos persegui-los se nos bombardearem”.

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