Só faço filmes se tiver algo a dizer, diz José Padilha sobre “RoboCop”
Às voltas com o lançamento em Hollywood do remake “RoboCop”, o diretor José Padilha afirmou em entrevista ao site “Collider” que não aceitou o trabalho para fazer um filme voltado apenas ao entretenimento. Segundo o diretor de “Tropa de Elite”, sua ideia como cineasta é sempre ir além, provocando o pensamento e o debate entre […]
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Às voltas com o lançamento em Hollywood do remake “RoboCop”, o diretor José Padilha afirmou em entrevista ao site “Collider” que não aceitou o trabalho para fazer um filme voltado apenas ao entretenimento. Segundo o diretor de “Tropa de Elite”, sua ideia como cineasta é sempre ir além, provocando o pensamento e o debate entre os espectadores.
“Eu venho do documentário, e minha tendência natural, como cineasta, é fazer um filme se eu tiver alguma coisa para dizer. Se não se trata de qualquer coisa que importa, não tenho vontade de fazer. Não sou contra as pessoas que fazem filmes apenas para a diversão, mas eu não sou um desses caras”, afirmou.
Entre as ideias “provocadoras” que mais lhe chamaram a atenção na história do policial robô, lançada originalmente em 1987, está a relação entre tecnologia, violência e regimes ditatoriais. Temas atuais, segundo Padilha.
“Existe a ideia de que há uma conexão entre o fascismo e a automação de violência, e você pode pensar sobre essa conexão de várias maneiras. Uma forma delas é considerar a guerra do Vietnã. O Estados Unidos deixaram o Vietnã porque seus soldados estavam morrendo. Mas, se você substituir soldados por robôs, o que teria acontecido? Isso abre a porta para o fascismo”, afirma o cineasta, que virá ao Brasil com o elenco na próxima terça (18) para divulgar o filme.
“A outra maneira de pensar sobre isso é que cada exército ou força policial que leva as pessoas a fazerem coisas ultrajantes, primeiro, eles desumanizam seus soldados. Eles os levam para o treinamento e os transformam em máquinas.”
Repercussão
“Robocop” estreou oficialmente nesta quarta-feira nos Estados Unidos. Antes, no fim de semana, o longa liderou bilhterias em dez mercados internacionais, incluindo França, Austrália, Alemanha e Ásia.
Embora a expectativa não fosse das mais positivas, a produção, que contou com orçamento de US$ 100 milhões (em torno de R$ 240 milhões), vem surpreendendo a crítica internacional, sendo “mais inteligente do que o esperado”, segundo avaliação da revista “Variety”.
Segundo o jornal “The New York Times”, a nova versão do filme é “competente” e, diferentemente da original, procura uma estabelecer uma ligação mais humana entre os personagens, “misturando lágrimas e balas”.
De acordo com a agência France-Presse, o filme expressa preocupações existenciais e políticas próprias da atualidade, como o lugar dos drones na sociedade civil.
O remake do clássico de 1987 dirigido por Paul Verhoeven traz no elenco nomes como Gary Oldman, Joel Kinnaman, Samuel L. Jackson e Michael Keaton, e reconta a trajetória do policial Alex Murphy (Kinnaman), um pai de família dedicado e exemplo de cidadão, que fica seriamente ferido em serviço.
Estreia no Brasil
Padilha e os atores Joel Kinnaman e Michael Keaton virão ao Brasil no dia 18 de fevereiro para promover o longa, que chega aos cinemas do país no dia 21. A equipe cumprirá uma agenda de entrevistas para a imprensa, sessão de fotos e atividades de lançamento no Rio de Janeiro. Segundo a produção, haverá um tapete vermelho com convidados no Cinépolis Lagoon.
Em recente entrevista à agência EFE, o diretor comentou não temer a pressão de Hollywood com relação ao filme. “As altas expectativas não me assustam. Medo eu teria se tivesse que fazer um ‘remake’ de um filme ruim. Com ‘RoboCop’, fiquei feliz. É um conceito poderoso e muito inteligente que me inspirou. E o que retratamos na história acontece com frequência na sociedade atualmente”, afirmou.
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