“Rolezinho” em shopping da Capital é combinado no Facebook; veja o que pensa a população

O “rolezinho” feito por jovens da periferia de São Paulo em Shoppings da capital paulista causou polêmica em todo o Brasil. Organizado pelo Facebook, o encontro dos jovens, que vão em centenas, tem virado onda nas capitais brasileiras e pode chegar a Campo Grande. Evento no Facebook marca rolezinho no Shopping Campo Grande no dia […]

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O “rolezinho” feito por jovens da periferia de São Paulo em Shoppings da capital paulista causou polêmica em todo o Brasil. Organizado pelo Facebook, o encontro dos jovens, que vão em centenas, tem virado onda nas capitais brasileiras e pode chegar a Campo Grande. Evento no Facebook marca rolezinho no Shopping Campo Grande no dia 26 de janeiro.

Até agora, o evento já tem 200 confirmados. Com a descrição “Demorô CG! Um salve pra quem curte dar um rolê firmeza e ainda expor as contradições hipócritas da elite brasileira racista! (…)CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA! RACISMO NÃO! É nóis que luta!”, o evento pretende apoiar o ocorrido em São Paulo, onde houve repressão policial e shoppings chegaram a proibir a entrada de jovens da periferia.

Polêmico e revelador sobre como pensa a sociedade, o rolezinho virou assunto nacional. A reportagem foi às ruas ouvir as opiniões dos campo-grandenses.

Direito de ir e vir

O músico Matheus Martins, 19, é a favor. “Nada justifica a forma que esses jovens, sendo da favela ou não, foram tratados nos casos que já aconteceram”, diz. Matheus ainda ressaltou que não viu nada sobre furtos ou quebra de lojas. “Vi jovens que foram para a delegacia e depois foram liberados por não ter nada que os mantivessem lá”, declarou.

O acadêmico de letras Wagner Alves, 31, também pensa de forma semelhante. “Existe um direito básico de ir e vir. Quem foi que disse que tenho que me vestir ou parecer com certa classe social para ir ao shopping?”, questionou. “O shopping é o mundo de fantasia da classe média alta e estão querendo proibir certos grupos sociais de coabitar o mesmo espaço”, criticou.

Ana Paula Werri, 32, é professora e considera o rolezinho “extremamente légitimo”. Para a professora, os shoppings foram construídos para a classe média alta “se proteger” da pobreza. “O pobre não tem acesso à educação, cultura ou lazer. Os shoppings tornam-se centro de realização de todos os desejos. Aí você impede parte da população de adentrar estes espaços. Para mim isto revela o “apartheid social” em que vivemos”, destaca.

Totalmente contra

O soldado da Polícia Militar Wilson Costa postou em seu Facebook: “se tiver isso (rolezinho) em Campo Grande, vai levar borrachada, cambada de vagabundos… como digo sempre, inferninho pra eles”. Na postagem Wilson mostra vídeo em que jovens do rolezinho brigam com a guarda municipal.

“Não gosto quando falam mal da polícia quando ela está certa nas ações”, explica, sobre a postagem. Perguntado sobre o que deveria ser feito se houver rolezinho em Campo Grande, Wilson descartar barrar os jovens. “Barrar não, mas tem que monitorar as turmas que entrarem e se o segurança suspeitar, ele tem que ficar na cola”.

Na saída dos shoppings da Capital a rejeição ao movimento é quase que unânime. Estela Ribeiro, 32, disse torcer para que não aconteça o rolezinho em Campo Grande. “Tomara que não tenha, vou abrir loja aqui no shopping”. A funcionária pública Maria do Carmo, 53, também é contra. “Se reúnem para fazer bagunça”. Maria declarou que iria embora caso estivesse no shopping na hora do rolezinho. “Teria medo de ser assaltada”.

Juliano Trivellato, 33, publicitário, segue a mesma linha. “Sou contra, é só baderna. E ainda corre o risco de aproveitarem o tumulto para roubar. Eu ficaria com vontade de ir embora”, afirmou. A universitária Carla Araujo, 27, é contra, mas acredita que não é preciso ter medo. “Eles só querem chamar a atenção”.

Shoppings

A reportagem entrou em contato com os shoppings de Campo Grande perguntando do posicionamento deles caso aconteça o rolezinho. O Shopping Campo Grande limitou-se a dizer que “toma todas as medidas preventivas para garantir a segurança e bem estar dos clientes, lojistas e colaboradores do Centro Comercial”.

O Norte Sul Plaza também declarou apenas que “recebe muito bem os seus clientes e busca valorizar a cultura e o bem-estar de cada um, proporcionando ao público lazer e entretenimento com o máximo de conforto e segurança para todos os seus clientes.”

O Shopping Bosque dos Ipês não respondeu ao contato da reportagem.

(Colaborou Nealla Machado)

(Foto ilustrativa oriunda da página do ‘Rolezinho de Campo Grande’ no Facebook retirada a pedido no dia 29/01/2014).

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