RJ: homenagem a alunos de escola de Realengo causa comoção

A emoção marcou a cerimônia realizada neste sábado em homenagem aos 12 adolescentes mortos a tiros na escola Tasso de Oliveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, em abril de 2011. Os restos mortais de 10 dos 12 adolescentes foram colocados juntos no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, depois de serem exumados neste sábado. […]

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A emoção marcou a cerimônia realizada neste sábado em homenagem aos 12 adolescentes mortos a tiros na escola Tasso de Oliveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, em abril de 2011. Os restos mortais de 10 dos 12 adolescentes foram colocados juntos no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, depois de serem exumados neste sábado. O cardeal do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, fez uma celebração religiosa para lembrar os jovens, em memorial inaugurado no local para eles.

Foram trazidos para o Jardim da Saudade os restos mortais de cinco adolescentes que estavam nos cemitérios do Murundu, em Realengo, e no de Ricardo Albuquerque, que depois de exumados devido ao prazo legal de três anos, foram colocados lado ao lado dos de outros cinco adolescentes que já estavam no Jardim da Saudade. Os restos mortais de uma das outras 12 vítimas ficará em outro cemitério da cidade, a pedido da família. E o corpo de uma das vítimas foi cremado.

Para a mãe de Larissa Silva Martins, que morreu aos 13 anos de idade na tragédia, Maria José da Silva Martins, o dia 7 de cada mês é sofrido. “É muita dor. Não passa, parece que foi hoje. O certo é o filho enterrar a mãe, e não a mãe enterrar o filho. Dia das mães é todo dia, tem que seguir em frente”, disse Maria José. Larissa era a caçula de três filhos: além dela, Maria é mãe de José Henrique, 31 anos, e Camila Martins, 26 anos. “Ela era o xodó da casa. Foi embora um pedaço do meu coração.”

Na cerimônia, dom Orani disse que este é um momento duro, de relembrar o passado, e pediu que todos rezassem para que as pessoas não sejam más. Os adolescentes foram mortos por Wellington Menezes, ex-aluno da escola, que entrou no colégio atirando.

“A luta é para que a violência seja banida do coração das pessoas e, consequentemente, da cidade. Temos que trabalhar para que no coração não se forme o ódio”, afirmou dom Orani.

Os restos mortais dos jovens foram levados em caminhonetes do Corpo de Bombeiros dos cemitérios do Murundu, em Realengo, e de Ricardo Albuquerque, para o cemitério Jardim da Saudade, com bandeiras de fotos das vítimas, com uma bandeira do Brasil e cobertos de pétalas de rosas.

Muitos parentes se emocionaram e passaram mal aquando as caixas com os restos mortais foram colocadas no memorial do Jardim da Saudade. Em cima do memorial havia fotos dos adolescentes, os nomes deles e um texto curto lembrando que eles eram “brasileirinhos que partiram precocemente”, mas sem mencionar diretamente o massacre.

“Quando abriram o caixão para pegar os restos mortais da Bianca, senti uma paz interna. Parecia que ela estava dizendo que estava bem”, disse Marcelo do Nascimento, um tio de Bianca Rocha Tavares, 13 anos, morta na escola.

Avó de Bianca, a dona de casa Maria José dos Reis Rocha disse que não se esquece do jeito engraçado de Bianca. “Ela adorava brincar e conversar comigo. Quando chegava da escola, ela já fazia um sinal com a mão na boca, querendo saber se o almoço estava pronto”, lembra Maria José.

Maria José cobra mais segurança nas escolas, pois diz que a escola pública em que a irmã gêmea de Bianca, Brenda, estuda, não é segura. Brenda, 16 anos, levou nove tiros junto com Bianca no episódio e até hoje não mexe os dedos das mãos direito. “Ela estuda à noite e a região não é segura. Quando tem tiroteio na favela Cosme e Daniel, a escola da Brenda não funciona”, disse Maria José.

Às vésperas do Dia das Mães, Inês Moraes da Silva, que perdeu o filho na tragédia, lembra que Igor Moraes da Silva, 13 anos, costumava perguntar a ela o que ela queria de presente. “Ele perguntava se eu queria presente no Dia das Mães e eu dizia que não precisava, bastava a presença dele”, afirmou Inês.

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