Reduzir custos é desafio para crescimento das exportações, diz presidente da AEB

A redução de custos, considerada o principal desafio para o comércio exterior brasileiro, é o tema central do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2014), que a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) promove hoje (7) e amanhã no Rio de Janeiro. Devido aos custos praticados no país, os produtos manufaturados estão perdendo competitividade, […]

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A redução de custos, considerada o principal desafio para o comércio exterior brasileiro, é o tema central do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2014), que a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) promove hoje (7) e amanhã no Rio de Janeiro. Devido aos custos praticados no país, os produtos manufaturados estão perdendo competitividade, disse o presidente da AEB, José Augusto de Castro.

“Desde 2008, até 2013, não houve crescimento nenhum, em termos de valor, das exportações de manufaturados. Isso se deve, basicamente, aos custos de produção no Brasil, que estão muito elevados”, disse Castro. Segundo ele, isso inibe a competitividade do produto nacional no exterior.

O presidente da AEB referiu-se, principalmente, à redução do custo em logística, que envolve investimentos em infraestrutura, além de redução dos custos tributários, previdenciários, trabalhistas e burocráticos. “Esses são os fatores principais”, acrescentou.

Castro argumentou que enquanto o número de empresas exportadoras vem caindo nos últimos anos, o número de importadoras tem aumentado. Em 2007, por exemplo, as empresas exportadoras somavam 20.889, contra 28.911 companhias importadoras. Em 2012, o número de empresas exportadoras caiu para cerca de 19.300. Em contrapartida, as empresas importadoras subiram para algo em torno de 43.500, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

“Isso mostra claramente que como produzir no Brasil está caro, não conseguimos exportar. As empresas deixam de participar do mercado externo. Em contrapartida, importar é mais barato do que produzir aqui. Então, o número de empresas importadoras cresce e, com isso, aumentamos as importações, como tem ocorrido nos últimos anos”, argumentou José Augusto de Castro. Ele informou que hoje o número de empresas importadoras já é mais que o dobro das exportadoras.

Isso é péssimo para o país, disse o presidente da AEB, porque “cada vez que eu aumento o número de empresas importadoras, estou gerando empregos no exterior, e não no Brasil. E cada vez que eu diminuo o número de empresas exportadoras, estou deixando de gerar empregos aqui”. O que se observa, acentuou, é que a participação de produtos importados na pauta brasileira de consumo está aumentando. “O consumo aumenta, mas a produção não aumenta. Significa que essa parcela de consumo que está sendo aumentada, mas não é acompanhada pelo aumento da produção, é suprida por produtos importados. Ou seja, está ocupando espaço brasileiro”.

Castro disse que o problema dos custos elevados afeta as empresas de todos os portes, sobretudo as pequenas e médias, que carecem de boa estrutura e de pessoal treinado. “Essas sofrem muito mais. As pequenas e médias são as mais afetadas pela crise, porque têm custo de produção normalmente maior que a grande empresa. Com isso, não têm condição de participar do mercado externo”.

Para ele, a alternativa para essas empresas seria ter uma taxa de câmbio que compensasse as deficiências de custo no mercado interno. Ele lembrou, porém, que como a taxa de câmbio não compensa essa defasagem de custo, as empresas perdem competitividade e são obrigadas a sair do mercado. Uma solução seria a reunião de pequenas companhias em consórcios de exportação, como predomina na Itália, por exemplo. Como não existe essa figura jurídica na legislação brasileira, a solução não pode ser adotada. A medida contribuiria para racionalizar custos e tornar as empresas mais competitivas, defendeu o presidente da AEB.

Castro informou que de todos os setores exportadores, o que tem mostrado maior evolução é o de serviços de engenharia, devido à sua característica de ter que pensar sempre muito à frente, “no mínimo cinco anos”. Segundo ele, o setor de engenharia tem técnica específica de estruturação de negócio, que permite fazer uma cotação reunindo, em um único pacote, a venda do serviço, os bens que serão utilizados na execução e os bens que serão instalados no próprio serviço. “Não é que o câmbio não prejudique o setor. Mas, como eles projetam a longo prazo, conseguem contornar essa defasagem cambial”. Com um câmbio melhor, o setor teria maior competitividade em termos de preço.

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