PIB em alta: Paraguai quer trocar “sacoleiro” por executivo

O Paraguai quer acabar com o estigma de ser visto como um país para compras. A mudança de imagem contará com investimento entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão em publicidade no Brasil, para mostrar o que o país vizinho pode oferecer além das típicas compras em Cidade do Leste. As campanhas midiáticas devem […]

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O Paraguai quer acabar com o estigma de ser visto como um país para compras. A mudança de imagem contará com investimento entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão em publicidade no Brasil, para mostrar o que o país vizinho pode oferecer além das típicas compras em Cidade do Leste.

As campanhas midiáticas devem ser veiculadas no segundo semestre deste ano, principalmente nos Estados que fazem fronteira – Paraná e Mato Grosso do Sul – e regiões próximas ao Paraguai. Autoridades do país acreditam que as ofertas de turismo ficam encobertas pela fama de ser um destino de “sacoleiros” em busca de produtos mais baratos.

A capital do país, Assunção, é uma das principais apostas nesse processo de mudança. Pela sua localização – entre 1h30 e 3h30 das principais cidades da América do Sul, como São Paulo, Buenos Aires, Montevidéu, La Paz e Santiago -, o governo vê a oportunidade de promover o turismo de negócios em sua capital.

“O Paraguai tem a chance de ser um local para turismo de nicho corporativo”, disse o ministro da Indústria e Comércio do país, Gustavo Leite. “A capacidade de leitos na cidade dobrou nos últimos três anos e o objetivo é tornar Assunção o grande centro de conferência da região sul-americana.”

Segundo o ministro, a capital pode se beneficiar do momento econômico do país, que cresceu 13,7% no ano passado – terceiro maior crescimento do mundo em 2013. E o Brasil tem grande parte neste salto, respondendo por algo entre 19% e 30% no Produto Interno Bruto (PIB) paraguaio, de cerca de US$ 30 bilhões.

Assunção também passa por um momento de verticalização da cidade. Um exemplo é que, em até três anos, a capital deve ganhar quatro torres de 20 andares do complexo World Trade Center. O projeto deve custar US$ 50 milhões e incluirá um hotel de 120 quartos. Para o governo, investimentos em turismo devem impulsionar ainda mais o crescimento, já que o setor ocupa a sétima posição entre as principais atividades econômicas do país, que tem sua força no agronegócio.

Além do nicho corporativo, as campanhas a serem veiculadas no Brasil devem focar outras regiões do país que proporcionem atividades como turismo fluvial e de pesca, visitas às hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá, povoados jesuíticos, calendários de festas populares e casinos, que são proibidos no Brasil.

De acordo com a ministra do Turismo do Paraguai, Marcela Bacigalupo, o número de visitantes estrangeiros que pernoitaram ao menos três noites no país no ano passado foi de 609 mil – desse total, 45% dos turistas eram brasileiros. A meta é chegar a 1 milhão de turistas até 2018. “Vamos participar de feiras de turismo no Brasil e realizar workshops em cidades estratégicas para promover o Paraguai”, disse Marcela.

Cidade do Leste

Porta de entrado dos brasileiros que cruzam a Ponte da Amizade a partir de Foz do Iguaçu e principal responsável pela imagem do país, a Cidade do Leste não deve perder sua vocação comercial nas propagandas paraguaias. A cidade convive com problemas de infraestrutura e economia informal. Para mudar esse cenário, membros da sociedade civil elaboraram uma espécie de plano diretor da cidade, que deve ser apresentado à prefeitura em julho.

O plano de diretrizes da Asociación Plan de Desarrollo del Este (Associação Plano de Desenvolvimento do Leste, em tradução livre) prevê expandir a rede de esgoto, criar vias de circulação interna, aumentar a capacidade hoteleira e formalizar a atividade comercial – são 4.700 empresas estabelecidas na Cidade do Leste, que movimentaram US$ 8 bilhões em 2013, segundo a Câmara de Comércio do município.

“A cidade não deve perder a sua vocação, de comércio de pronta entrega, e as iniciativas devem torná-la mais atrativa para o turista, em vez de apenas ser vista como um centro de compras”, afirma Natalia Chan, presidente da associação. Segundo ela, a iniciativa já conta com apoio dos governos federal, estadual e municipal.

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