Palestinos e israelenses levam batalha para as redes sociais
O atual confronto entre Israel e o Hamas já deixou um saldo de mais de 200 mortos, sendo a maioria vítima dos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza. Agora, a batalha travada pelos dois lados se estende também às redes sociais. Israelenses e palestinos usam métodos cada vez mais sofisticados na tentativa de conquistar apoio […]
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O atual confronto entre Israel e o Hamas já deixou um saldo de mais de 200 mortos, sendo a maioria vítima dos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza. Agora, a batalha travada pelos dois lados se estende também às redes sociais. Israelenses e palestinos usam métodos cada vez mais sofisticados na tentativa de conquistar apoio no Facebook, Twitter e YouTube.
Enquanto o Hamas orienta palestinos a publicar fotos de feridos nas redes sociais, Israel criou um aplicativo que simula como seria se Gaza estivesse no seu país. As redes estão sendo inundadas por posts que visam conquistar corações e mentes de pessoas no Oriente Médio e no resto do mundo.
No Twitter, a guerra de versões ocorre nas contas oficiais das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) e das Brigadas Izz al-Din al-Qassam, o braço armado do Hamas. Desde o início da ofensiva, no dia 8, os israelenses já postaram dezenas de atualizações em tempo real.
Guerra de números
Eles têm até um “Contador de foguetes”, que contabiliza mísseis atirados de Gaza. A conta do braço do Hamas em inglês também posta atualizações sobre ataques isralenses e informa sobre seus lançamentos de foguetes, minimizando as contas do Exército de Israel.
A Izz al-Din al-Qassam mantém contas no Twitter em diversas línguas, incluindo árabe e hebraico — todas elas já foram suspensas em algum momento. Com as hashtags #GazaUnderAttack, #Gaza, #StopIsrael, and #PrayForGaza, a conta da al-Qassam destaca o sofrimento dos civis.
Os dois lados, cada vez mais, apelam para gráficos para tentar comprovar sua versão dos fatos, e ambos já reproduziram os infográficos dos outros para tentar provar que eram mentirosos.
O IDF criou até um aplicativo, disponível em seu blog, que permite posicionar a Faixa de Gaza em diferentes países, como os Estados Unidos ou o Reino Unido, e prever os estragos que seriam feitos pelos mísseis lançados.
Eventos esportivos também são usados para atrair a atenção da comunidade internacional. Durante a final da Copa do Mundo, o IDF tuitou o número de foguetes atirados desde o início do Mundial e pediu que as pessoas “retuitassem a mensagem para que todos os que assistiam ao jogo da Alemanha contra a Argentina soubessem”. O uso da hashtag de futebol permite a transmissão da mensagem para um público muito maior.
O professor de comunicação na Universidade da Europa Central e da Universidade de Washington Philip Howard diz que o Hamas e a Israel sabem que têm um grande público, mas que a maior parte de seus seguidores online estão no exterior. “A parte mais importante do público, estrategicamente, são os jornalistas que seguem suas contas. Eles sabem que um tuíte bem colocado pode ajudar a mudar a cobertura”, acrescenta.
Segundo ele, o Hamas se tornou mais sofisticado no uso das mídias sociais por dois motivos. Primeiro, eles querem chegar aos jornalistas e líderes no Ocidente. Além disso, tentam manter o engajamento de jovens simpatizantes palestinos que, atualmente, podem não ver o Hamas ou a Autoridade Palestina “como sua melhor ou única opção”, afirma.
Contra-ofensiva
Tanto o IDF quanto o Hamas exploram imagens e vídeos da destruição e morte causados pela violência.
O Hamas posta mais imagens gráficas em seu feed do Twitter, incluindo os corpos ensanguentados de crianças que, segundo eles, foram mortas em ataques aéreos israelenses. No entanto, já foram lançadas suspeitas sobre a veracidade de imagens que se tornaram virais no Twitter sob a hashtag #GazaUnderAttack.
Também surgiram vídeos e vídeos-resposta destinados a falar sobre os mesmos eventos, cada um destacando a versão de um dos lados.
Um vídeo postado pelo IDF em sua conta do YouTube intitulado 15 Segundos: não há tempo suficiente compara o tempo que atletas levam para correr em uma pista de atletismo e o tempo que civis israelenses têm para achar um abrigo quando são lançados foguetes de Gaza.
A legenda do vídeo diz: “Durante um ataque de foguetes, os israelenses que vivem perto de Gaza só tem 15 segundos para chegar a um abrigo antibomba. Mesmo o homem mais rápido do mundo não iria chegar a tempo”.
Advertências
O Hamas, entretanto, atingiu o público israelense pela primeira vez com o lançamento de um tipo de vídeo clipe de música cantada em hebraico e árabe, segundo a agência de notícias AFP. O vídeo, chamado Balançando a Segurança de Israel, mostra militantes do Hamas fazendo, transportando e lançando foguetes contra Israel, em uma tentativa de fazer israelenses ficarem contra o governo.
Há também relatos de que hackers do Hamas teriam invadido a página de Facebook da pizzaria Domino’s de Israel e publicaram avisos em inglês, árabe e hebraico. Os hackers teriam escrito: “Hoje lançaremos em Israel, Tel Aviv, Haifa, Jerusalém, Ashkelon, Ashdod mais de 2 mil foguetes. Vamos começar às 7h. Contagem regressiva para o fim de Israel … Esteja avisado!”
A IDF também tem emitido avisos frequentes para os habitantes de Gaza online. Em um tuíte recente, escreveu: “Para alertar os civis de um ataque iminente, o IDF joga folhetos, faz ligações telefônicas personalizadas e envia SMSs. Quantos militares fazem isso?”
Enquanto isso, autoridades do Hamas ofereceram orientações sobre o uso de mídia social por civis em Gaza, em um vídeo postado online. Nele, os civis são orientados a não publicar imagens de foguetes ou mísseis no centro de Gaza e sempre mencionar “civis inocentes” ao escrever sobre vítimas. “Não há nada de errado com a publicação de imagens dos feridos”, acrescenta.
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