Pais de bebê morto em HR passam por peregrinação para ter corpo do filho liberado

Mais de um mês da morte do filho recém-nascido, eles têm que procurar por assistente social para conseguir a autorização de retirada o corpo do bebê do Instituto Médico de Campo Grande que já autorizou a liberação

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Mais de um mês da morte do filho recém-nascido, eles têm que procurar por assistente social para conseguir a autorização de retirada o corpo do bebê do Instituto Médico de Campo Grande que já autorizou a liberação

Liane Botelho de Moura e Júlio César Ramires dos Santos passaram por uma peregrinação de quase duas horas para ter o corpo do filho liberado. Ao chegar ao Imol (Instituto Médico-Odontológico Legal), onde a criança seria liberada, foram informados de que precisavam da assinatura de uma assistente social. 

O corpo da criança recém-nascida, que morreu no dia 10 de abril, no HR/MS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) deve ser liberado para a família um pouco mais de um mês da morte do menino, que ainda não teve um laudo conclusivo sobre a “causa mortis” pelos legistas do local, pois os órgãos do bebê desapareceram antes de chegar ao Imol. 
Por conta desta confusão, só agora os pais tiveram direito ao corpo do filho, que supostamente morreu afogado, conforme laudos feitos dentro do hospital e informado à família. A princípio, o caso foi diagnosticado como embolia pulmonar, mas não foi confirmado pelos legistas por falta dos órgãos necessários que não foram entregue ao instituto. 
PEREGRINAÇÃO 
Eles saíram do Imol na manhã desta quarta-feira (7) rumo à Secretaria de Assistência Social para conseguir a assinatura, para só então, ter o direito à liberação do corpo do filho. Mesmo assim, qualquer  bebê só pode sair do Imol sendo transportado por uma funerária. 
Dentro do Imol, os pais do recém-nascido ficaram sabendo que não tinham a permissão de abrir o caixão para olhar o filho. “Nem que paremos em algum lugar antes de chegar ao cemitério, mas queremos vê-lo”, desabafa. 
Após conseguir a assinatura da assistente social, os pais foram informados de que todos os documentos serão encaminhados ao Imol e à funerária de plantão, que deve agendar um horário para fazer o transporte do corpo. 
CASO 
Um dia após dar à luz, Liane Botelho de Moura e Júlio César Ramires dos Santos foram comunicados que o filho havia morrido, por afogamento, enquanto mamava. A mulher estava desacompanhada na enfermaria e uma enfermeira colocou o bebê para amamentar, porém, a mãe estava sob efeito de anestesia. 
Com isso, a equipe médica constatou que a criança havia morrido por afogamento. Além disso, foi atribuído a culpa à família por não ter um acompanhante com a mulher no momento em que ela estava na enfermaria, após o parto. 
O hospital não informou se é procedimento deixar a criança para mamar sozinha, com a mãe em estado de anestesia logo após o parto, quando esta não está acompanhada. Além disso, os pais afirmam que o hospital insistiu em fazer a perícia sobre a causa da morte da criança, fato que foi admitido pela família, que estava abalada, conforme informações contidas no boletim de ocorrência de “morte a esclarecer”, na 5ª Delegacia da Polícia Civil, do Bairro Piratininga, região sul de Campo Grande. 
O diretor do HRMS, Rodrigo Aquino afirmou que não são feitos exames necroscópicos no hospital. “Não existe fazer isso dentro de um hospital. Isso é um fato inadmissível”, frisa o administrador. 
A assessoria do hospital, já havia declarado que não houve irregularidade na entrega do corpo. Segundo o assessor, o hospital ainda não foi comunicado pelo Imol sobre a suposta ausência dos órgãos do bebê. 
Sobre a possível negligência, o Hospital Regional afirmou que instaurou sindicância administrativa para investigar os procedimentos de atendimento do paciente, para ver se havia de fato a necessidade de acompanhamento. 
O caso foi denunciado pela Associação de Vítimas de Erros Médicos, que apontou o HR de supostamente entregar o corpo de um bebê sem os órgãos ao Imol. A criança morreu enquanto a mãe a amamentava logo após o parto. 
DECLARAÇÕES 
O Midiamax apurou que dois médicos legistas participaram da necropsia e constataram que o recém-nascido estava sem ‘alguns órgãos’. Pela falta, supostamente dos pulmões, não foi possível determinar se a causa da morte foi realmente afogamento. 
A morte do bebê aconteceu no dia 10 deste mês e o caso foi registrado na 5ª Delegacia de Polícia da Capital, que está sendo investigado pelo delegado, Daniel da Silva, que disse ao Midiamax que o procedimento para investigar a morte do bebê já foi instaurado e que foram determinadas diligências para apurar o caso, porém o laudo do Imol ainda não chegou à delegacia. 
“Ainda dependemos das respostas do hospital e do Imol. Precisamos dos documentos, só com as testemunhas não é possível dar continuidade”, diz. 
Consta no boletim de ocorrência que o médico do hospital insistiu para que a necropsia do bebê fosse feita no local. Diante da insistência do médico, o pai autorizou o procedimento.

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