No auge, Marcelo Rezende reinventa o jornalismo “mundo cão”
As manifestações que se espalharam de forma massiva pelo Brasil em junho do ano passado fizeram muito bem a Marcelo Rezende. Ao vivo, com imagens de passeatas por todo o País, o apresentador viu o Cidade Alerta, programa que voltou a apresentar na TV Record em 2012, quase dobrar a audiência durante suas coberturas. “Corta […]
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As manifestações que se espalharam de forma massiva pelo Brasil em junho do ano passado fizeram muito bem a Marcelo Rezende. Ao vivo, com imagens de passeatas por todo o País, o apresentador viu o Cidade Alerta, programa que voltou a apresentar na TV Record em 2012, quase dobrar a audiência durante suas coberturas. “Corta pro Rio”, “corta pra São Paulo”, “corta pra Bahia”, “corta pra mim”, ordenava à produção de forma exaltada e incessante entre um comentário e outro, boa parte deles elogiados pelo público, que encontrava uma voz dissonante à da imprensa tradicional no entendimento das revoltas da população. “As manifestações foram fundamentais pro meu trabalho, porque a repercussão do que fizemos foi muito positiva”, avalia o apresentador, que chegou a assustar em pleno horário nobre a emissora onde passou a maior parte da vida profissional, a Globo. “Eu dizia o que vinha à cabeça, o que me falava o sentimento e foi lindo ver todas aquelas pessoas externando uma sensação de abandono própria de todo brasileiro, ignorado pelo poder público. São essas passeatas que, a meu ver, vão mudar o Brasil.”
A entrevista é na sede emissora, no bairro da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. A sala de Rezende fica na parte mais ao fundo da redação do programa, um ambiente movimentado, com entra-e-sai incessante de funcionários, que encontram por ali refresco no ar-condicionado em uma quarta-feira com os termômetros batendo na casa dos 35,5ºC, uma das maiores temperaturas já registradas no mês de fevereiro na capital paulista. Apesar da grande importância do jornalista à audiência das tardes do canal, seu ambiente privado é apertado. Cabe, com muito custo, uma mesinha de pouco mais de um metro de largura, com computador disposto do lado direito, e um pequeno sofá de dois lugares. É quase apertado demais para a equipe de três pessoas da reportagem do Terra – repórter, cinegrafista e fotógrafo – e uma assessora da Editora Planeta, responsável pela publicação do primeiro livro do jornalista, intitulado com seu mais famoso bordão, Corta Pra Mim, lançado em novembro.
Marcelo voltou de férias há apenas dois dias. Viajou à França, onde se afastou dos grandes centros abarrotados de turistas e alugou um carro para passear por cidades mais bucólicas do interior do país. Nelas, admirou a arquitetura histórica, a singularidade das populações e, principalmente, um dos grandes prazeres de seus momentos de folga: o vinho. “Você vê as coisas (violência) todos os dias e evidentemente elas não passam despercebidas dentro de você. Ficam impregnadas, mesmo que você não perceba naquele momento. Então você vai buscando alguns caminhos. E os caminhos que encontrei foram ler, cozinhar, falar de vinho, mentir sobre vinho…”, sorri. “Negócio de vinho tem muita mentira… Eu tomo vinho há 30 e tantos anos e vejo uns caras descobrindo cada coisa… Outro dia eu estava num evento onde tinha um monte de ‘cara importante’. Aí um deles foi lá e disse que tinha um vinho com gosto de asfalto molhado… Sério mesmo?”
A conversa sobre amenidades dá o tom natural da conversa, mesmo quando em assuntos tão caros a todo brasileiro como segurança pública e política. Assim como se mostra atualmente no ar em um programa cada vez mais focado no humor e menos na indignação, Marcelo aparenta ser um sujeito tranquilo, simpático. Dá abertura, mantém uma constante fala mansa, raramente um pouco exaltada; gosta de brincar e de fazer piada.
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