Moradores de ocupações reclamam do frio e reforçam barracos com lona na Capital

Sem auxílio, os moradores se arrumam como podem para encarar o frio e a promessa de temperaturas mais baixas nos próximos dias.

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Sem auxílio, os moradores se arrumam como podem para encarar o frio e a promessa de temperaturas mais baixas nos próximos dias.

As baixas temperaturas obrigaram campo-grandenses a tirar do armário os casacos de lã, cachecóis e outros acessórios que deixam o corpo mais aquecido. O problema é quando o frio aparece e não se tem uma coberta por perto. O frio e a chuva dessa sexta-feira surpreenderam moradores de ocupações, que aproveitaram este sábado (24) para reforçar os barracos com lonas, enquanto que outros recorreram ao fogão de lenha para aquecer toda a família.

A auxiliar de limpeza Bianca Santos, de 22 anos, mora a oito anos na favela da Portelinha, no fim da avenida prefeito Heráclito Diniz de Figueiredo. Bianca contou que na noite de ontem, ela e mais oito pessoas que moram no mesmo barraco, dormiram todos juntos, para se proteger do frio e do vento. “Colocamos alguns cobertores encostados na parede”, disse Bianca.

Segundo ela, este é um período difícil para todos que moram no Portelinha. “Todos os anos sofremos muito com o frio aqui, porque tem muito vento e temos pouca roupa de frio”, disse. Bianca lembrou que há alguns anos as famílias da favela receberam uma grande doação de roupas. Outro recurso encontrado por ela é o de usar o fogão à lenha para cozinhar. “Encostamos o botijão de gás e usamos só o fogão de lenha, para deixar a casa bem quente”, afirmou Bianca.

Maristela Nascimento, 29 anos, mora com o marido e os dois filhos menores, e sua preocupação, além da falta de agasalho é coma chuva que entra no barraco e molha o pouco que tem. “Não temos muito cobertores não, o problema é que quando chove a água entra e molha tudo, até as roupas. Então, a gente acaba perdendo”, contou a diarista.

Mecânico de profissão, José Carlos Florentino da Silva, de 36 anos, tem na carroça sua principal fonte de renda. Há cinco anos, a casa onde morava no bairro Jardim Colúmbia pegou fogo e sem ter como pagar o aluguel, mudou-se para a Portelinha com o pai de 58 anos. José Carlos contou que dribla o frio colocando várias camisetas, blusas e calças para suportar o frio.

Sozinha, mãe de três meninas, a diarista Claudilene de Amorim, 24, aproveitou a folga de hoje para reforçar o barraco com uma lona. “Eu pedi a lona para uma mulher de um condomínio aqui perto, ela ia jogar fora a lona”, contou Claudilene. Ela mora a sete anos na favela, e apesar das crianças terem casaco, a família perdeu alguns cobertores com a chuva.

Na favela do Portelinha vivem cerca de 130 famílias que aguardam uma casa na Empresa Municipal de Habitação.

Em outra ocupação, no bairro Portal da Lagoa, cerca de 50 famílias moram em barracos em um terreno no bairro. Alex Salto Ribeiro, 35 anos, auxiliar de serviços gerais, contou que perdeu os poucos móveis e roupas da família, por causa da chuva de ontem.

Alex colocou os móveis para fora para secar, mas não sabe ainda o que poderá ser aproveitado. “Ontem, dormimos praticamente na chuva, porque a água entrou no barraco”, contou o auxiliar, que espera que o frio não seja prolongado neste ano.

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