MG: Velório de motorista é marcado por revolta com obras e Copa
O velório do corpo da jovem Hanna Cristina dos Santos, morta na tarde desta quinta-feira na queda de um viaduto em construção em Belo Horizonte (MG), é marcado pela revolta dos familiares da moça. A tragédia deixou ainda outro morto e 23 feridos. O pai dela, José Antônio dos Santos, 61 anos, motorista aposentado, disse […]
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O velório do corpo da jovem Hanna Cristina dos Santos, morta na tarde desta quinta-feira na queda de um viaduto em construção em Belo Horizonte (MG), é marcado pela revolta dos familiares da moça. A tragédia deixou ainda outro morto e 23 feridos. O pai dela, José Antônio dos Santos, 61 anos, motorista aposentado, disse que a obra malfeita causou a fatalidade. O Viaduto Guararapes fazia parte das obras da Copa do Mundo e integrava a duplicação da Avenida Dom Pedro I para instalação do BRT.
“A dor é muito grande. Saber que perdemos nossa filha por uma irresponsabilidade dói muito. Por causa da Copa. Para dar velocidade nas obras e deixar a cidade bonita, por jogos”, questiona ele revoltado. “Eles estavam mais preocupados em entregar rápido as obras, eles sabiam que não poderiam tirar as escoras”, lamentou.
O motorista ainda critica a postura do prefeito de Belo Horizonte que, em entrevista, disse que “acidentes como esse infelizmente acontecem”. Ele ainda se revoltou com o fato de pensarem, ainda com o ônibus preso no concreto, em liberar a via rapidamente. “O prefeito foi infeliz ao dizer isso. Eles sabiam que não poderia tirar as escoras, eles foram avisados. Perdemos nossa filha por isso”, destacou.
Os parentes da motorista destacam ainda que Hanna morreu como uma heroína. Segundo informações da cobradora, Debora Nunes Reigada, que era cunhada de Hanna, ela reduziu a velocidade do veículo quando escutou o barulho e evitou a morte dos passageiros do ônibus. A cobradora afirmou que no momento da fatalidade, ao ver que a queda do viaduto iria ocorrer, por questão de segundos Hanna empurrou sua filha para a parte de trás.
“Ela evitou mais mortes. Primeiro temos a confirmação que ela deu preferência para um ônibus, lá dentro devia ter mais ou menos 70 pessoas, e ainda, em seguida, ela viu o que aconteceria e usou o freio do ônibus, salvou a filha e os outros”, lamentou o senhor José com lágrima nos olhos.
O orgulho da filha, apesar da dor da perda, estava claro nos olhos do aposentado. Ele falou da filha e disse que o sonho dela era ser motorista de coletivo. “Ela queria trabalhar com isso. Ela adorava. E fez o que é a missão: andar com vidas e cuidar das vidas. Ela me ligou pouco antes do acidente, minutos depois, conversamos, ela se despediu. A imagem que tenho dela é de alegria, uma pessoa alegre, que gostava de dançar, que gostava de viver”, finalizou chorando.
Irmão destaca revolta da família
O irmão de Hanna Cristina, Tiago Carlos dos Santos, 28 anos, que também trabalha como motorista no coletivo e revezava os horários no ônibus, falou que a família está toda revoltada com o acidente. “Estamos revoltados. Como pode cair um viaduto?”, questionou. “É revoltante cair um viaduto assim. Poderia ser eu ali, eu faço a mesma rota, no mesmo ônibus, infelizmente era minha irmã, ela assumiu o comando do ônibus às 14h20”, destacou.
Tiago fala que Hanna era uma mulher alegre e lembra com carinho da irmã. “Ela era feliz. Uma pessoa maravilhosa”, completou.
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