Jovens usam música para combater bullying e homofobia

Aos 16 anos, o estudante Lucas Yukin foi expulso de casa pelos pais adotivos após assumir a homossexualidade. Depois disso, passou dias dormindo no cemitério. A experiência gerou traumas que ficaram ainda mais intensos com os casos de bullying sofridos nas ruas, também devido a sua opção sexual. O jovem chegou a ser alvo de […]

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Aos 16 anos, o estudante Lucas Yukin foi expulso de casa pelos pais adotivos após assumir a homossexualidade. Depois disso, passou dias dormindo no cemitério. A experiência gerou traumas que ficaram ainda mais intensos com os casos de bullying sofridos nas ruas, também devido a sua opção sexual. O jovem chegou a ser alvo de ameaças com armas de fogo.

A situação só começou a melhorar quando ele viu que o número de vítimas do mesmo tipo de preconceito era maior do que imaginava, e percebeu que poderiam agregar forças contra o preconceito. Descobriu também outro fator que tinha em comum com as outras vítimas: a música.

“Só encontrei o conforto que não tinha com a minha família, no fã-clube de uma artista que sempre defendeu a bandeira homossexual”, disse ele, hoje com 18 anos, referindo-se ao Haus of Little Monsters Brazil, fã-clube da cantora norte-americana Lady Gaga. Representante do fã-clube, Clarice Gulyas explica que o grupo é integrado principalmente por homossexuais, que, por compartilharem histórias como a de Lucas, passaram a organizar, também, ações sociais de combate ao bullying e à homofobia.

Uma dessas ações, o 1° Flash Mob Contra o Bullying e a Homofobia, ocorreu hoje (1º) no Museu Nacional da República, em Brasília, envolvendo cerca de uma centena de jovens. Entre eles, Yuri Turate, de 20 anos. “Por causa das agressões que sofri e, em especial, a uma que foi direcionada a mim, mas que acabou ferindo a amiga grávida que estava ao meu lado, tenho de tomar antidepressivos até hoje”, disse o estudante que, na época, tinha 14 anos.

“Eu era magro e, de certa forma, afeminado. Isso incomodava muito outros estudantes. Como a escola não tinha nenhum tipo de preparo para lidar com a situação, acabei reprovando. Era um ambiente muito pesado e desinteressante. Difícil mesmo”, disse ele à Agência Brasil. “Além disso, eu tinha um pai homofóbico. Mas felizmente conseguimos contornar esse preconceito e hoje tenho, em minha casa, um ambiente de respeito e paz”, acrescentou.
Yuri é um dos fundadores do Haus of Little Monsters Brazil. Nas ações sociais promovidas pelo fã-clube, busca ajudar a sociedade – e em especial os pais de homossexuais – a lidar com situações similares à vivida por ele e por Lucas.

“As conversas [sobre homossexualidade] têm de ser abertas e respeitosas. Os pais precisam entender também o tempo em que vivem os filhos. E se tiverem dificuldades para aceitar uma realidade diferente da que eles esperavam, é importante buscar apoio com psicólogos ou se informarem, porque nem tudo é o que parece ser. A coisa é muito mais simples do que parece”, argumenta Yuri.

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