Índios despejados em MS prometem resistir e falam de morte coletiva na área retomada
Indígenas guaranis e kaiowás da Comunidade Tekoha Kurusu Amba, situada em Coronel Sapucaia, a 380 quilômetros de Campo Grande, declararam resistência e acusaram a Justiça de genocídio, após receber ordem de despejo. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (8), na página oficial do Conselho Aty Guasu, no Facebook. De acordo com a carta divulgada pelo […]
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Indígenas guaranis e kaiowás da Comunidade Tekoha Kurusu Amba, situada em Coronel Sapucaia, a 380 quilômetros de Campo Grande, declararam resistência e acusaram a Justiça de genocídio, após receber ordem de despejo. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (8), na página oficial do Conselho Aty Guasu, no Facebook.
De acordo com a carta divulgada pelo grupo, a decisão foi acordada entre indígenas de 250 comunidades. No comunicado, eles garantem que não vão abandonar a área, retomada há 10 anos.
“Nós decidimos recuperar um pedaço de nossa terra antiga e aqui estamos sobrevivendo e resistindo há 10 anos, e todos nós vamos resistir até a morte, decidimos morrer todos juntos e não iremos sair despejados de nossa terra antiga. Essa é a nossa decisão”, garantem.
Segundo o coordenador regional do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Flávio Vicente Machado, cerca de 20 mil indígenas vivem nas regiões de fronteira. Ele explica que para esses povos, as condições são mais precárias se comparadas a outras comunidades.
“Nos últimos 4 anos houve um agravamento humanitário entre esses indígenas. Eles vivem na beira das rodovias, são expostos a situação de miséria e violência. Existe uma série de situações que os obrigam a tomar essa decisão”, justificou.
Machado denuncia ainda que os povos tiveram os barracos queimados e foram feridos por funcionários de fazendeiros da região. “É um povo submetido à crise e trauma social. Registramos um assassinato a cada 12 dias e um suicídio a cada 7”, destacou.
Conforme o comunicado, a ordem de despejo foi deferida na última segunda-feira (6), pela Justiça Federal de Ponta Porã e os indígenas terão 20 dias, a partir da data em que receberam a notificação, para deixar a área.
A equipe de reportagem entrou em contato com a Justiça Federal de Ponta Porã, mas não conseguiu falar com a assessoria de comunicação que funciona apenas no período vespertino.
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