Há 30 anos, em São Paulo, o 1º grande comício das Diretas Já
Há 30 anos, o aniversário da cidade de São Paulo era marcado por um dos comícios mais importantes do movimento pelas Diretas Já, que exigia a retomada do voto popular para presidente da República. No local onde foi fundada a capital paulista, a Praça da Sé, cerca de 200.000 pessoas gritavam: “Um, dois, três, quatro, […]
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Há 30 anos, o aniversário da cidade de São Paulo era marcado por um dos comícios mais importantes do movimento pelas Diretas Já, que exigia a retomada do voto popular para presidente da República. No local onde foi fundada a capital paulista, a Praça da Sé, cerca de 200.000 pessoas gritavam: “Um, dois, três, quatro, cinco, mil. Queremos eleger o presidente do Brasil!”
A manifestação de 25 de janeiro de 1984 marcava a intensificação da campanha das Diretas Já. Depois de vinte anos amordaçados, os cidadãos brasileiros saíram às ruas para pedir a volta da democracia ao país. O regime militar estava com seus dias contados. Entre janeiro e abril de 1984, dezenas de comícios foram organizados nas principais cidades brasileiras. O maior deles teve São Paulo como palco. Cerca de 1,5 milhão de pessoas foram ao Vale do Anhangabaú, no centro da cidade.
Depois daquele dia, as manifestações se intensificaram também em outras cidades brasileiras. Uma pesquisa do instituto Gallup indicava que 81% dos brasileiros eram a favor das eleições diretas. O movimento em todo o país ganhou cada vez mais força, refletida na série de manifestações que ocorreram desde então. Em Belo Horizonte, um comício conseguiu reunir 250.000 pessoas e superar a manifestação na Sé.
Embora reunissem cada vez mais manifestantes, os comícios pelas eleições diretas enfrentavam todo tipo de percalço. Um dos principais foi o afastamento dos governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio da organização dos eventos. O paulista Franco Montoro, por exemplo, preferiu não participar do grande evento no Vale do Anhangabaú. Além disso, sabotadores chegaram a jogar pó químico durante um comício pelas eleições diretas na cidade de Anápolis, em Goiás.
Ainda assim, o movimento ganhou força e o Rio foi palco de uma grande manifestação, descrita por VEJA como “O grito da Candelária”. Em 18 de abril, 1 milhão de pessoas se reuniram em frente à Igreja da Candelária.
A emenda Dante de Oliveira, cuja votação fora marcada para 25 de abril de 1984, previa a eleição para presidente da República por voto popular, e não passou pelo Congresso, mas a oposição conseguiu eleger, por via indireta, Tancredo Neves — que morreu antes de tomar posse, sendo substituído por José Sarney, ex-prócer do partido do regime militar. O Brasil realizava, então, a última escolha indireta de um presidente.
Os brasileiros só puderam eleger diretamente seu presidente em 1989, ano em que Fernando Collor chegou ao poder. Embalado pela luta que havia travado anos antes pelas diretas, o Brasil foi palco de uma gigantesca mobilização nacional. O povo brasileiro participou como nunca da campanha eleitoral. A volta dos eleitores às urnas foi descrita por VEJA da seguinte forma: “Na manhã de 15 de novembro de 1989, estará provado que existe uma grande fatia da população brasileira capaz de ter ideias que dão certo.”
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