Globo e Record testam formatos com especiais de fim de ano

Antes das estreias de verão ou da renovação da programação – geralmente feita em abril – o mês de dezembro tornou-se o período de experimentação para as emissoras de TV. O pretexto para testar novos formatos vem na forma de especiais de final de ano. Enquanto programas são finalizados ou entram de férias, os especiais […]

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Antes das estreias de verão ou da renovação da programação – geralmente feita em abril – o mês de dezembro tornou-se o período de experimentação para as emissoras de TV. O pretexto para testar novos formatos vem na forma de especiais de final de ano. Enquanto programas são finalizados ou entram de férias, os especiais tentam um lugar ao sol no ano seguinte.

Foi assim, por exemplo, que seriados como Aline, Tapas & Beijos e, mais recentemente, Doce de Mãe garantiram novos episódios na Globo. Mais modesta, em 2013, a emissora só recorreu a essa estratégia em Alexandre e Outros Heróis, projeto de teor literário dirigido por Luiz Fernando Carvalho. Enquanto a Record investiu de forma pesada no humor de produções como Noite de Arrepiar, Tá Tudo em Casa, Pa Pe Pi Po Pu e, por fim, A Nova Família Trapo.

Com resultados e perspectivas bem diferentes, a tática parece ter sido melhor utilizada pela Globo. Afinal, se tudo na TV é feito na base dos números do Ibope, alocar o especial baseado na obra de Graciliano Ramos na noite de quarta, aproveitando-se da audiência da novela das 21h, foi um tiro certeiro da emissora. Alexandre e Outros Heróis teve 19 pontos de audiência e já garantiu seu lugar de exibição em 2014, com previsão de estreia para agosto.

Artisticamente, salta aos olhos a estética apurada e atores afinados. Em especial, Ney Latorraca na pele do protagonista, um contador de causos do sertão, e Marcelo Serrado, que surge totalmente diferente ao interpretar um cantor de emboladas. No entanto, fica a impressão de que a preocupação com o visual fez com que diretor e autor se perdessem no conteúdo e na adaptação da narrativa para a TV, que ficou obscura.

Nos especiais da Record, o que prevalece mesmo é a fragilidade do roteiro e as dificuldades de conseguir se sobressair nas noites de domingo. As apostas focadas no humor geram muitas comparações entre as séries. E mesmo com algumas falhas e piadas sem graça, quem sai ganhando é Noite de Arrepiar. A série é salva na base do talento de seus atores, casos de Cristina Pereira, Bemvindo Sequeira e André Mattos, que conseguem driblar o texto fraco com a força de suas atuações. Ironicamente, dentre os quatro especiais que podem entrar na grade, a produção de terrir foi a que teve menor repercussão na audiência: três pontos.

Tá Tudo em Casa, protagonizada por Juliana Silveira e Gustavo Rodrigues, exibe produção correta, mas não passa do óbvio ao retratar as já batidas diferenças entre homens e mulheres. Como resultado, não convenceu na audiência e deu cinco pontos. Com quatro pontos, Pa Pe Pi Po Pu, foi uma aula do que não se deve fazer com a comédia. Raso e repetitivo, só não fica mesmo atrás de A Nova Família Trapo, versão constrangedora do programa dos anos 1960. Com o ex-CQC Rafael Cortez no posto principal, o humorístico faz uma mistura nada inspirada de produções como Sai de Baixo e Toma Lá, Dá Cá, mas fica no meio do caminho por conta do humor abaixo da média e atores sem timing.

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