Em transplante raro, mulher de 42 anos recebe rins de criança de 2 anos em São Paulo
Um transplante de rins considerado raro foi realizado na Santa Casa de Marília, no interior de São Paulo. A dona de casa Maria Cristina de Oliveira Gomes, 42 anos, que estava na fila de transplantes, recebeu os dois rins de uma criança de 2 anos que morreu em São José do Rio Preto e teve […]
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Um transplante de rins considerado raro foi realizado na Santa Casa de Marília, no interior de São Paulo. A dona de casa Maria Cristina de Oliveira Gomes, 42 anos, que estava na fila de transplantes, recebeu os dois rins de uma criança de 2 anos que morreu em São José do Rio Preto e teve a doação dos órgãos autorizada pela família.
O “transplante em bloco”, como é chamado, durou cerca de duas horas e foi considerado um sucesso pelos médicos. A paciente continua internada em recuperação e passa bem. Segundo o nefrologista José Cícero Guilhem, responsável técnico pela Unidade de Diálise e Transplantes da Santa Casa de Marília, esse transplante é considerado raro porque normalmente é implantado um rim para cada pessoa.
Como o doador tinha peso abaixo de 15 quilos, foram colocados os dois rins no mesmo paciente. O médico explicou que os rins doados ocupam o mesmo espaço dos rins da receptora, e, no período médio de três a seis meses após o implante, os órgãos da criança irão funcionar como se fossem dois rins adultos.
O setor de transplantes da Santa Casa de Marília foi criado há mais de 30 anos e esse é o quarto “transplante em bloco” realizado no hospital. O médico José Guilhem afirma que é muito importante que a população saiba dos procedimentos da doação de órgãos e receba todas as informações. “Realizamos o primeiro transplante aqui no hospital em 1982, e a receptora é viva. O transplantes envolvem toda uma equipe multidisciplinar de urologia, nefrologia, cirurgia vascular, infectologia”, disse o médico.
Ele explica que atualmente em 47% dos potenciais doadores de órgãos a doação não acontece por conta da negativa da família. Cerca de 20 mil pessoas aguardam por um transplante de rins no Brasil, mas no ano passado foram realizados apenas 5,5 mil transplantes desse órgão. “Isso ocorre geralmente por desconhecimento das pessoas sobre os procedimentos. E a lei é clara quando diz que se não houver autorização da família a doação não ocorre”, afirmou o nefrologista.
Gratidão
Maria Cristina de Oliveira Gomes, mora em Assis, cidade a cerca de 80 quilômetros de Marília, e se recupera bem do transplante. Diz estar muito feliz pelo ato de bondade da família da criança que fez a doação, apesar do momento difícil que enfrentavam. Ela falou por telefone à reportagem do Terra e disse que, ao ser avisada de que havia rins compatíveis para seu transplante, ficou muito feliz. “Fiquei alegre, chorei. Nossa, nem acreditei”, disse.
Os familiares de Maria Cristina disseram que ela começou e ter problemas nos rins há cerca de dois anos e há cinco meses passava por sessões de hemodiálise. O marido, Agnaldo Gomes, disse que o estado de saúde dela estava pior e ela passava por três sessões de hemodiálise por semana. O casal tem dois filhos e a família morava em São José dos Laranjais, mas, por conta das sessões de hemodiálise, teve que se mudar para Assis. “Foi uma bênção o que aconteceu. Ficamos muito gratos pelo que a família fez por nós doando os órgãos. É muito importante porque pode salvar muitas vidas”, disse o marido.
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