Em quatro anos, Delcídio sai de campeão de votos a favorito que tropeça no segundo turno

Reeleito senador em 2010 com votação maior que a obtida pelo governador, Delcídio do Amaral (PT) terminou aquele pleito apontado como potencial futuro chefe do Executivo de Mato Grosso do Sul. De lá para cá, viu o projeto dado como vitorioso naufragar entre alianças infrutíferas e escândalos nacionais. Em 2010, Delcídio obteve 826 mil votos. […]

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Reeleito senador em 2010 com votação maior que a obtida pelo governador, Delcídio do Amaral (PT) terminou aquele pleito apontado como potencial futuro chefe do Executivo de Mato Grosso do Sul. De lá para cá, viu o projeto dado como vitorioso naufragar entre alianças infrutíferas e escândalos nacionais.

Em 2010, Delcídio obteve 826 mil votos. Para ser reeleito ainda no primeiro turno, por exemplo, o governador André Puccinelli (PMDB) foi votado 704 mil vezes.

Desde então, o meio político sugeria que a sucessão estava definida: seria Delcídio, inclusive com anuência de Puccinelli. O atual governador nunca declarou tal apoio publicamente, enquanto o petista nunca escondeu que era candidato.

O PMDB, por sua vez, chegou rachado para a disputa este ano, com o candidato Nelsinho Trad ficando em terceiro no primeiro turno. Depois, ele próprio poupou críticas ao partido, mas viu correligionários reclamarem que a desunião peemedebista foi fundamental na frustrada campanha.

Até poucos dias antes da eleição, Delcídio e Reinaldo andavam literalmente de braços dados por vários municípios. O petista tentou, até o último instante, encaixar o tucano como candidato a senador em sua chapa.

Uma improvável aliança entre arquirrivais em nível nacional foi barrada pelas altas cúpulas de PT e PSDB. E mais: veio a ordem dos tucanos de alta plumagem para lançar candidatura própria.

Enquanto o cenário era pintado com Delcídio – em tese, apoiado pelo governador – e sem Reinaldo na disputa, o petista aparecia com ampla margem de vantagem nas pesquisas. Assim que o tucano alçou voo, já surgiu incomodando, tirando inclusive o segundo lugar de Nelsinho.

Veio o primeiro turno, entre um emaranhado de denúncias sobre desvio milionário de verbas na Petrobras. Delcídio, ex-diretor da estatal e visto nacionalmente como o ‘homem do governo do PT na petrolífera’, acusou o golpe: ainda que tenha vencido, o primeiro turno terminou com uma diferença de 50,5 mil votos em relação ao tucano.

No segundo turno, a tática petista local foi a mesma da nacional: ataques diretos ao adversário tucano e comparação entre a experiência dos candidatos. Enquanto isso, as pesquisas indicavam virada de Azambuja sobre Delcídio.

Delcídio correu atrás. Derrotado no primeiro turno por uma diferença de 61 mil votos na Capital, trouxe até Lula para comícios em dois dos mais populares e populosos bairros de Campo Grande.

Não funcionou. De uma eleição tida como ganha quatro anos atrás, viu o tucano voar à Governadoria e desbancar o sonho petista.

Até o fechamento deste texto, o ‘se sentindo governador’ Reinaldo Azambuja tinha 55,6% dos votos, frente ao 44,4% do petista. Uma diferença de 145,2 mil votos.

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