Dólar fecha em leve alta em dia fraco de notícias e eleição no foco

O dólar começou setembro em leve alta ante o real, numa segunda-feira fraca de notícias de peso. Investidores evitaram grandes mudanças de posicionamento antes de eventos importantes nesta semana, com destaque para a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), dados sobre o mercado de trabalho americano e resultados de novas pesquisas eleitorais […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O dólar começou setembro em leve alta ante o real, numa segunda-feira fraca de notícias de peso. Investidores evitaram grandes mudanças de posicionamento antes de eventos importantes nesta semana, com destaque para a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), dados sobre o mercado de trabalho americano e resultados de novas pesquisas eleitorais no Brasil.

No fechamento, o dólar comercial subiu 0,26%, a R$ 2,2444. Ao longo da jornada, a moeda oscilou entre R$ 2,2453 na máxima e R$ 2,2302 na mínima – este o menor patamar intradia desde 29 de julho, quando atingiu R$ 2,2250.

No mercado futuro, onde os negócios se encerram às 18h, o dólar para outubro avançava 0,33%, a R$ 2,2620.

“O mercado deu uma esvaziada à tarde. Não tem fluxo de notícias, então o pessoal aproveita para comprar um pouco. O real também segue o movimento das moedas lá fora, embora aqui as variações sempre sejam mais intensas. É uma característica da nossa moeda”, diz o operador de câmbio de um banco estrangeiro.

Na ausência de indicadores nos Estados Unidos, o foco segue sobre o cenário eleitoral no Brasil. O mercado aguarda para quarta-feira os resultados de pesquisas do Ibope e Datafolha. Hoje, a expectativa recai sobre o debate entre presidenciáveis a ser exibido pelo SBT, a partir de 17h45. No fim da semana passada, uma sondagem do Datafolha mostrou Marina Silva (PSB) tecnicamente empatada com Dilma Rousseff (PT) nas intenções de voto no primeiro turno e dez pontos percentuais à frente da candidata do PT na simulação de segundo turno.

“Estamos chegando num ponto em que para o dólar cair mais precisa haver uma notícia nova além da subida da Marina. E essa notícia pode ser até mesmo a chance de vitória no primeiro turno”, afirma o profissional da área de derivativos cambiais de uma corretora.

Os mercados brasileiros embarcaram numa onda de otimismo desde que Marina Silva entrou na disputa presidencial. Só na semana passada, quando ficou mais evidente o avanço da candidata da chapa do PSB, o real valorizou-se 1,82% ante o dólar, enquanto as moedas emergentes avançaram 0,37%, segundo o índice MSCI para esse grupo de divisas.

Em agosto, o real teve alta de 1,38%, enquanto o índice MSCI para moedas emergentes ganhou 0,70%. Esse movimento mais forte da moeda brasileira foi ditado em boa parte pelos investidores estrangeiros, que no período reduziram em quase US$ 5 bilhões suas apostas na alta do dólar, no ritmo mais forte em seis meses.

Para o gerente geral de tesouraria do Banco Daycoval, Gustavo Godoy, o mercado vai precisar de mais notícias de peso para prosseguir com esse movimento, sob risco de haver uma correção no curtíssimo prazo. “Enquanto tiver uma maré de notícia boa para o mercado, o estrangeiro deve continuar por aqui. Mas é certo que mais rápido do que veio ele pode sair. E aí já sabemos o que acontece: é dólar para cima”, afirma.

Candidatos e o Banco Central

Um dos principais pontos de atenção do mercado é o grau de intervenção que o Banco Central assumiria em um eventual novo governo.

Na sexta-feira, Marina defendeu em coletiva de imprensa o câmbio flutuante e a autonomia do Banco Central. Segundo ela, com o “câmbio livre”, um BC autônomo e sem as “atitudes erráticas do governo federal”, o Brasil poderá “recuperar sua credibilidade”. Aécio Neves (PSDB) também tem defendido uma postura menos intervencionista do BC, embora evite falar em autonomia formal da autoridade monetária.

Já Dilma não tem falado abertamente sobre o tema. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, atacou as propostas de mudança na política econômica dos candidatos da oposição à Presidência da República. Em seu discurso mais direto até agora, Mantega disse que o governo da presidente Dilma Rousseff cumpriu o chamado tripé macroeconômico – meta de inflação, câmbio flutuante e política de superávit fiscal.

O Banco Central vendeu hoje todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilã o, movimentando US$ 197,8 milhões nesses papéis.

Com essa operação, a posição vendida do BC em dólar via swaps ficou US$ 93,49 bilhões (1.869.720 contratos). Os números consideram a liquidação na terça-feira dos swaps vendidos nesta segunda.

O estoque de swaps, portanto, afastou-se do recorde de US$ 94,36 bilhões (1.887.120 contratos) alcançado na sexta-feira passada. Isso ocorre pela liquidação hoje de 21.400 contratos de swap (US$ 1,07 bilhão) referentes ao vencimento setembro e que não foram rolados.

Em agosto, o BC “injetou” US$ 4,20 bilhões por meio das ofertas diárias de swap. Com a retirada de US$ 1,07 bilhão referentes aos papéis não rolados, o estoque de swaps no mês passado aumentou em US$ 3,13 bilhões.

O mercado espera agora indicações sobre a rolagem de um lote de 133.540 contratos de swap cambial que vence em 1º de outubro. O volume equivalente é de US$ 6,677 bilhões.

No exterior, o peso mexicano tinha ligeira baixa de 0,03% ante o dólar, enquanto o rand sul-africano perdia 0,24%. A lira turca saía das máximas do dia e operava em ligeira alta de 0,14%. Os mercados operam sem a referência dos negócios nos EUA, fechados pelo feriado do Dia do Trabalho.

Conteúdos relacionados