Divisão do Estado: conheça o relato de quem ajudou a contar parte dessa história

Profissionais da imprensa relembram como foi o dia da divisão do Estado de Mato Grosso e o nascimento de Mato Grosso do Sul. As lentes de Roberto Higa registraram a empolgação das pessoas que na época apostava no ‘boom’ na criação de empregos. Já a caneta do jornalista Hordonês Echeverria marcou a esperança do povo quanto às mudanças.

Para o fotógrafo a população foi levada a acreditar que a divisão seria um boom na criação de emprego. “O estado de Mato Grosso sempre foi muito carente de emprego, a não ser se fosse trabalhar na agricultura e pecuária. A gente imaginou que isso aqui seria uma maravilha. Todos os nossos sonhos, de novo estado, foram por água abaixo”, afirmou.

Para Higa o que prejudicou foi a vinda de um governado de fora e junto com ele muitas pessoas. “Tivemos uma invasão de funcionários públicos de outros estados, para nós mesmo não sobrou nada”, lembra. Higa comentou a derrubada dos primeiros governadores de MS e como isso impactou a população. “Em sete meses derrubaram o governador e colocaram outro (Marcelo Miranda) que durou um ano, um ano e meio, e derrubaram também até que colocaram o Pedrossian (Pedro Pedrossian) que ficou até a primeira eleição direta que entrou o Dr. Wilson (Wilson Barbosa Martins)”, lembrou.

Para Higa fazer parte da história valeu a pena, principalmente porque aconteceu de forma natural. “Tenho certeza de uma coisa, se eu morrer hoje estou satisfeito com o que eu fiz, acho que a missão está cumprida. O meu legado é muito importante na medida do que eu vou deixar para essa rapaziada que está vindo ai. Essas coisas que eu criei vão fazer parte de toda a historia de dois estados, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso”, ressaltou.

O antes repórter e hoje assessor de imprensa, Hordonês Echeverria, vê a divisão como uma grande inspiração e desejo que já existia a décadas. “O movimento ganhou mais força e mais destaque com a assinatura da Lei Complementar 31”, garantiu. Echeverria lembra que foi uma festa nas ruas de Campo Grande e que a imprensa acompanhou intensamente todo o trabalho.

O jovem repórter que acompanhou toda a movimentação bem de perto, atualmente mais experiente relata como trabalhar em um marco histórico. “Foi um trabalho empolgante na época. Houve um desenvolvimento muito grande da região e depois da divisão surgiram novas faculdades, novas indústrias, a agricultura se expandiu e a pecuária também”.

Trabalhar como repórter e ajudar a contar como foi a criação de MS marcou na vida de muitas pessoas. “Foi um fato muito importante e acho que não marcou só a minha vida, mas também de muitos profissionais que atuaram nesse evento na época. Foi bastante emocionante, uma coisa que vai acontecer uma vez só na minha vida, acompanhar e noticiar a divisão e a criação do novo estado é tão importante que quando tenho oportunidade de narrar faço questão”, concluiu.

Divisão

Mato Grosso do Sul está comemorando 37 anos de criação neste sábado (11). Criado em 1977, MS fazia parte do então estado do Mato Grosso (MT). Em 1974, o Governo Federal, estabeleceu a legislação básica para a criação de novos estados e territórios. Em 1977, o presidente Ernesto Geisel assinava a Lei Complementar nº 31 criando o estado de Mato Grosso do Sul, com capital em Campo Grande. O primeiro governador de MS foi o engenheiro Harry Amorim Costa, nomeado no dia em 31 de março de 1978.

Os principais motivos para a criação de MS foi o tamanho de MT, uma área extensa para comportar uma administração eficaz e a diferenciação ecológica entre as duas áreas. Para a população de Campo Grande e do sul do MT, na época, a divisão foi uma festa e criou grande expectativa. Para quem trabalhou e acompanhou de perto toda a movimentação política é uma emoção relembrar de um fato que começou a escrever a história de Mato Grosso do Sul.