Diretor do CRA fala da importância do profissional administrador na gestão pública

No mês em que se comemora 49 anos de registro profissional dos administradores, o conselheiro e diretor de desenvolvimento institucional do CRA (Conselho Regional de Administração), Paulo do Valle, concede entrevista ao Midiamax e fala da importância do profissional administrador na gestão pública. Segundo Paulo do Valle, um dos problemas na gestão pública, é exatamente […]

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No mês em que se comemora 49 anos de registro profissional dos administradores, o conselheiro e diretor de desenvolvimento institucional do CRA (Conselho Regional de Administração), Paulo do Valle, concede entrevista ao Midiamax e fala da importância do profissional administrador na gestão pública.

Segundo Paulo do Valle, um dos problemas na gestão pública, é exatamente não ter profissionais técnicos lidando com a coisa pública, o que pode causar problemas, por falta de conhecimento.

Para ele, uma das formas de resolver os problemas que existem na gestão pública é contratar apenas profissionais técnicos para área de atuação.

Veja abaixo a entrevista.

Qual a importância de ter um administrador, alguém, técnico, e não apenas alguém da confiança do gestor, na coisa pública?

Na minha visão é que quanto mais técnicos tiver, mais garantias vão ter na gestão. Não pode por um profissional que não é da área médica atender posto de saúde, não pode colocar uma pessoa que não seja da área do direito para dar pareceres jurídicos. O risco é muito maior. O gestor público quando escolhe um profissional de confiança e ele não é da área de administração o risco é do gestor.

A legislação é omissa ao permitir que se contratem profissionais que não são técnicos para gerirem a administração pública?

Em alguns momentos, na parte de assessoria, de secretários, a legislação é omissa. Ela deixa em aberto. A legislação é federal, e nós dos conselhos não podemos fiscalizar. Mas onde tem um plano de gestão de pessoas, que consta o que aquele profissional tem como responsabilidade, a gente tem como intervir. O papel do conselho, o principal, é fiscalização.

Quando pensamos em gestão pública pensamos em saúde, educação, obras…Quando coloco um médico na pasta de saúde, um professor na educação, um engenheiro em obras, a secretaria fica debilitada por faltar um gestor de administração?

Sim. Vemos na sociedade vários empreendedores de sucesso que não tem o curso de gestão. Mas ele é e fez o que fez por conhecimento tácito. Aprendeu na tentativa e erro. Ao mesmo tempo, se ele tiver uma formação acadêmica e, principalmente, sair do tácito para o explícito, que é técnico, aquele que estudou para fazer aquilo, vai ser bem melhor. Nós temos exemplos de lugares de onde tem um administrador gerindo o público e o resultado é bastante positivo. Aqui, a gente cita o Hospital São Julião, que quando não tinha alguém da área específica o hospital estava no vermelho. Quando foi para lá o Hamilton Alvarenga, que é administrador, ele reverteu o caso.

Qual a responsabilidade do administrador quando está inserido na gestão pública?

O que o administrador assina ele é responsável. Ele tem uma responsabilidade técnica. Todo ato dele, que se vale de gestão dentro do público, ele é responsável. Ao mesmo tempo se ele tem outro profissional que está atendendo o mesmo Município, Estado ou União, e ele não é gestor, a responsabilidade dele é nenhuma.

Se há denúncia comprovada de má gestão por parte de um administrador que atua no público, o Conselho pune?

Se comprovadamente houver um dano no patrimônio a punição pode ir de uma advertência até a impossibilidade de ter o registro profissional. Mas isso acontece em toda profissão regulamentada. Eu não vou tirar o diploma, não tenho essa autonomia. O que se tira é o registro profissional. Por isso, é importante o gestor público se proteger com profissionais técnicos, com registros profissionais. E isso em todas as áreas. Você coloca a responsabilidade do cargo e a responsabilidade técnica da profissão.

Cabe a gestão pública capacitar as pessoas para gerirem a coisa pública?

Em todas as áreas as pessoas têm que estar se qualificando para poder trabalhar. Mas temos um problema mais grave ai. Temos três escalas de governo: municipal, estadual e federal. No governo federal é um público muito maior, mas se tem um volume muito grande de concursados. Já no estado e no município esse universo é menor. E cada vez que muda um prefeito, um governador se perde toda a massa que qualificou. Então a cada 4 anos, o governo perde uma massa de profissionais que estava lá atuando em prol do governo.

Além disso, essa atitude de contratar gera um desconforto muito grande para os concursados. Porque o cargo de confiança chega ganhando mais e muitas vezes não é comprometido com aquilo. Então, o concursado pensa: para que eu vou me esforçar? Eu respondo pelo meu cargo, que é concurso, ele não, porque vai sair. A minha sugestão é blindar o serviço público. Abrir concurso, ter um número mínimo de comissionados.

De quem é a responsabilidade do dinheiro público?

A responsabilidade do dinheiro público é do eleito, ou sejam do prefeito, do governador, do presidente. Ele que tem que responder. Ele é que vai proteger o dinheiro público. Ah… Mas ele nomeou outro que vai ser isso, aquilo. Mas ele é responsável e solidário, não é porque nomeou que não tem responsabilidade. O que precisa fazer nesse país é sensibilizar o poder público para que gestão é coisa seria.

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