Dia do Idoso: asilo mais tradicional de Campo Grande abriga e luta contra abandono
No Dia Internacional do Idoso comemorado nesta quarta-feira (1º de outubro), data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1991, o Jornal Midiamax foi ao Asilo São João Bosco conhecer a história das pessoas que ali estão. Entre as histórias que podem ser encontradas no local onde todos têm muita experiência de vida o Jornal […]
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No Dia Internacional do Idoso comemorado nesta quarta-feira (1º de outubro), data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1991, o Jornal Midiamax foi ao Asilo São João Bosco conhecer a história das pessoas que ali estão. Entre as histórias que podem ser encontradas no local onde todos têm muita experiência de vida o Jornal Midiamax encontrou quatro mulheres brasileiras e um português que chegaram ao Brasil há mais de 50 anos.
A professora divorciada, Tereza de Jesus Cunha, de 72 anos, lecionou com a mãe e não quis ter filhos. “Eu namorei muito, dancei muito, eu ia muito ao clube. Casei, mas não tive filhos, me separei e quando fiquei doente vim parar aqui”, revelou.
A idosa tem a visão debilitada e precisa da cadeira de rodas para se locomover, não participa das aulas de artesanato, mas gosta de conversar, disse que nos tempos de professora chegou a bater em um aluno. “Ele me deu uma resposta atravessada e eu meti o apagador nele, depois fiquei com medo da mãe me repreender, mas deu tudo certo”, contou.
Entre as vidas que se reúnem no asilo está Francelina Moreira da Silva, de 93 anos, uma senhora lúcida que não gosta de frescura. “Eu nasci e me criei no Cerrado, meus pais morreram eu era menina e fui criada pelo povo. Quando cresci fui ajudando na lida da roça, já carpi lote, colhi café, algodão. Conheço todas as frutas do Cerrado”, garantiu.
Francelina está com dificuldades para andar, mas espera ficar boa logo e disse não querer ir para as aulas oferecidas na instituição. “Não tive escola, não sei fazer serviço fino, não gosto de bordar, minha vida foi no mato”, revelou.
Duas senhoras de diferentes caminhos se encontraram no asilo, Neide Marques e Maria Batista, ambas com mais de 80 anos, são colegas de quarto, elas fazem pano de prato, pintura em tecido e fuxico. Maria não casou e não teve filhos, vivia com parentes e foi acolhida no São João Bosco. Neide casou, teve filho, mas é viúva e perdeu o filho há pouco tempo.
Para Neide estar no asilo é uma opção. “Eu morava com meus sobrinhos, a casa era grande e eu ficava sozinha. Eles não queriam deixar eu vir, mas eu pedi para que tivesse com que conversar”, afirmou.
Uma identidade conhecida na instituição é do português João Rodrigues, de 83 anos, ele alega ter vindo ao Brasil encher o saco e beber cachaça, mas sua história é de muito trabalho e solidão. “Eu não constituí família, ter família pra quê? Para eles passarem fome junto comigo?”, indagou.
Rodrigues está há 17 anos no asilo, disse que bateu palma e pediu para ficar. “Andei por todo país, fui para Brasília antes de Kubitschek, vim para o Estado, passei em Aquidauana e pedi para ficar aqui. Eu gosto daqui, meus parentes ficaram em Portugal e acho que muitos já morreram, vou ficar aqui”, relatou.
Asilo São João Bosco
O Asilo São João Bosco tem capacidade para receber 110 idosos e 102 vagas já estão ocupadas. A instituição é administrada pela Arquidiocese de Campo Grande e precisa de doações. De acordo com o diácono, José Carlos Viana, muitos idosos chegam ao asilo por conta de maus-tratos, não ter alguém para cuidar e abandono. A missão da instituição é reestruturar essas pessoas.
“Aqui no asilo nós promovemos, resgatamos e defendemos a dignidade dessas pessoas. Temos um trabalho social, biológico, psicológico e espiritual”, concluiu o diácono.
Interessados em contribuir com doações ou trabalho voluntário podem ir ao Asilo São João Bosco, que fica na Avenida José Nogueira Vieira, 1.900, Bairro Tiradentes, e procurar a administração.
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