Deputada venezuelana cassada critica Dilma e faz alerta sobre Petrobras

A deputada venezuelana cassada María Corina Machado, uma das líderes da oposição ao governo de Nicolás Maduro, disse, em entrevista, não entender como a presidente Dilma Rousseff não tem uma posição firme em relação à crise da Venezuela mesmo depois de ter sido de torturada e perseguida durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). A […]

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A deputada venezuelana cassada María Corina Machado, uma das líderes da oposição ao governo de Nicolás Maduro, disse, em entrevista, não entender como a presidente Dilma Rousseff não tem uma posição firme em relação à crise da Venezuela mesmo depois de ter sido de torturada e perseguida durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985).

A declaração foi feita na noite da última quinta-feira (3) antes de uma reunião realizada em São Paulo em que Corina se encontrou com venezuelanos que vivem no Brasil. “Para mim é muito difícil de entender que ela [Dilma], como mulher, que sofreu na própria carne a perseguição de uma ditadura militar… ela sabe o que é o horror da tortura, do terror e da censura como a que existe agora na Venezuela…não posso entender que não tenha uma posição firme”, disse a ex-parlamentar cassada.

María Corina teve o mandato cassado pela Assembleia Nacional da Venezuela após ter participado de uma sessão da OEA (Organização dos Estados Americanos) a convite do Panamá em que denunciou violações de direitos humanos cometidas pelo governo de Nicolás Maduro nos últimos dois meses, quando os protestos nos país se intensificaram. Corina veio ao Brasil a convite do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

Na última quarta-feira (2), María Corina criticou a postura do governo brasileiro e da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) em relação à crise na Venezuela.

“Para os venezuelanos é incompreensível ver como os países da América Latina foram tão ativos com crises políticas como no Paraguai e Honduras e, frente ao ocorrido na Venezuela, nos dão as costas. O que tem que ocorrer?”, disse.

Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, respondeu, na última quarta-feira (3), as críticas da parlamentar venezuelana. “A Unasul não interfere e não interferirá nos assuntos internos da Venezuela. Está lá (a Unasul) porque para isso foi convidada, para ter o papel de ajudar a criar as condições políticas para que os venezuelanos entre si resolvam os problemas pendentes”, disse.

A Presidência da República foi procurada para comentar as declarações de María Corina Machado, mas até o momento não respondeu.

Política e Petrobras

Na quarta-feira, María Corina foi recebida no Senado com aplausos e conversou com o tucano Aécio Neves (PSDB-MG), provável adversário de Dilma na eleição deste ano.

Na manhã de hoje, ela deverá se encontrou com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes.

Corina definiu como ‘fria e distante’ a forma como o governo brasileiro tem lidado com as manifestações na Venezuela, mas preferiu evitar revelar sua preferência entre um eventual quarto mandato do PT ou uma mudança a favor dos tucanos.

“Creio que o que convém ao Brasil, convém à Venezuela, mas a uma Venezuela em liberdade, em democracia e para isso precisamos da solidariedade dos povos da América Latina”, disse.

Em meio às denúncias envolvendo a gestão da Petrobras nos últimos anos e à possibilidade de abertura de uma CPI para apurar eventuais irregularidades, María Corina Machado disse que o exemplo da PDVSA (companhia estatal de petróleo da Venezuela) deve ser evitado.

“PDVSA era uma empresa reconhecida mundialmente por sua eficiência e profissionalismo. A PDVSA produzia três milhões de barris diários e hoje, segundo a Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo], produz 2,3 milhões. Estamos importando gasolina e diesel. Posso dizer que não há nada mais danoso para um país que quando as empresas públicas deixam de ser administradas como uma gerencia profissional e se convertem em um braço de ação política”, disse.

Segundo a assessoria da ex-deputada, Maria Corína deve voltar ao Brasil em duas semanas para uma sessão no Congresso a convite do deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.

Os protestos na Venezuela se intensificaram nos últimos dois meses, com estudantes saindo às ruas de várias cidades. A maior parte dos confrontos está concentrada na capital Caracas. Desde a intensificação dos protestos no país, há cerca de dois meses, pelo menos 39 pessoas já morreram.

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