Conselho de medicina diz que médico baleado em SP não errou na operação
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) concluiu que não houve erro na cirurgia feita pelo urologista Anuar Ibrahim Mitre no paciente Daniel Edmans Forti em 2012. A informação foi confirmada neste domingo (21) ao G1 pelo presidente da entidade, João Ladislau Rosa. Na última segunda-feira (15), Daniel baleou e feriu o médico […]
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O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) concluiu que não houve erro na cirurgia feita pelo urologista Anuar Ibrahim Mitre no paciente Daniel Edmans Forti em 2012. A informação foi confirmada neste domingo (21) ao G1 pelo presidente da entidade, João Ladislau Rosa.
Na última segunda-feira (15), Daniel baleou e feriu o médico dentro do consultório dele, na capital paulista, e se suicidou em seguida com um tiro na cabeça. Para a Polícia Civil, o atirador quis se vingar do especialista, que o teria deixado impotente após a operação.
Daniel chegou a denunciar Anuar no Cremesp pela cirurgia. O conselho abriu sindicância para averiguar a acusação de erro médico, mas concluiu que não houve delito ético por parte do urologista. A denúncia foi arquiva em fevereiro deste ano.
“A sindicância concluiu que não houve negligência, imperícia ou imprudência de Anuar e nem dos outros médicos que atenderam Daniel”, disse Ladislau Rosa. “Por esse motivo, a sindicância foi arquivada e nem chegou a virar um processo”.
Até este domingo (21) Anuar, de 65 anos, continuava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, com quadro estável, mas sem previsão de alta.
O corpo de Daniel, que tinha 52 anos, foi enterrado na quarta-feira (17) no Cemitério Israelita do Butantã, Zona Oeste da capital. De família judia, ele morava com a mãe num apartamento na região de Higienópolis.
Daniel começou a se tratar com Anuar em São Paulo em 2012, depois de ter sofrido um acidente de moto no Rio de Janeiro. Ele teve o pulmão perfurado, quebrou a bacia e teve problemas na uretra.
Impotente
Na capital paulista, o urologista operou o paciente. Mas devido ao procedimento, Daniel começou a sentir dores no corpo e eventualmente usava muletas para caminhar, o que teria agravado seu quadro depressivo. Solteiro e sem filhos, ele também reclamava de impotência sexual.
Em 2013, Daniel, que antes do acidente exercia a função de médico do trabalho, pediu o cancelamento do seu registro profissional no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). De acordo com o Conselho, o motivo não foi informado à entidade. Ele teria desistido da profissão por estar se sentindo inválido após a cirurgia.
“Ele surtou”, disseram os amigos de Daniel ao G1 sobre o fato de o paciente ter entrado no trabalho de Anuar, o xingado, sacado uma arma e o baleado na cabeça e no braço direito. O médico sobreviveu aos ferimentos e continua na UTI Hospital Sírio-Libanês, que fica em frente ao seu consultório.
A vítima também é vice-diretor e membro do Conselho Consultivo do Instituto de Ensino e Pesquisa do hospital onde está internado. Anuar teve traumatismo crânio encefálico e fratura no braço. Há o risco de ele ter sequelas na visão, já que teria sofrido uma lesão próxima ao olho direito.
Suicídio
Após balear Anuar, Daniel pegou o revólver calibre 38 e atirou contra a própria cabeça, morrendo no local.
A polícia registrou o caso dos tiros contra o urologista e a morte do paciente como tentativa de assassinato seguida de suicídio. A investigação é feita pelo 4º Distrito Policial, Consolação, em São Paulo.
Os investigadores vão requisitar os prontuários médicos de Daniel na clínica de Anuar para tentar confirmar se o paciente quis mesmo se vingar do médico que o operou.
Entre as pessoas que já foram ouvidas pela polícia estão a secretária de Anuar e o irmão de Daniel. Os policiais ouviram, entre outras coisas, que o paciente ligava insistentemente para o consultório, reclamava do tratamento pós-operatório, tomava remédios controlados contra depressão e pensava em se suicidar.
Dos objetos apreendidos pelos peritos da Superintendência da Polícia Técnico-Científica de São Paulo no consultório onde Daniel atirou em Anuar estão duas armas e uma faca.
Uma pistola e uma faca também foram encontradas no mesmo local. Os policiais querem saber se elas estavam com Daniel ou eram de Anuar. Para isso, pretendem ouvir o urologista no Sírio assim que ele for liberado pelos médicos para falar.
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