Combinados: Reinaldo e Delcídio fogem do confronto direto em debate do Midiamax

Poucos dias antes de debate programado para não ser ‘conversa de comadres’, e após verdadeira ‘acomodação’ de forças políticas antigas nas candidaturas, PT e PSDB se juntam e fecham pacto que os livra de se enfrentarem

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Poucos dias antes de debate programado para não ser ‘conversa de comadres’, e após verdadeira ‘acomodação’ de forças políticas antigas nas candidaturas, PT e PSDB se juntam e fecham pacto que os livra de se enfrentarem

Juntos e combinados, os dois candidatos que disputam o governo de Mato Grosso do Sul neste segundo turno das eleições, Delcídio do Amaral (PT) e Reinaldo Azambuja (PSDB) fugiram do confronto direto no debate programado pelo Jornal Midiamax para a próxima segunda-feira (20).

A decisão foi comunicada em ofício de comum acordo registrado pelos coordenadores de campanha dos dois lados, nesta quinta-feira (16).

Os debates realizados pelo Jornal Midiamax priorizam o confronto direto entre os candidatos, e não seguem o padrão engessado de outros realizados para soarem aos eleitores como ‘conversa de comadres’. Mediante o risco de terem de explicar ao vivo temas embaraçosos, os dois candidatos que disputam o cargo de governador em MS desistiram.

A desculpa apresentada no documento é a ‘exiguidade do tempo’.

‘Cansados antes de eleitos’

Carlos Alberto de Assis, coordenador de Campanha de Reinaldo Azambuja (PSDB), e Marcus Garcia Figueiredo, coordenador de Campanha de Delcídio do Amaral (PT), chegaram juntos na manhã desta quinta-feira à sede do Jornal. Tentaram explicar dizendo que tanto o petista quanto o tucano estavam ‘cansados demais’ com o ritmo de propaganda eleitoral.

“É uma decisão lamentável. A realização de um debate no padrão que definimos, inclusive com representantes de todas as coligações, envolve altos custos e diversas equipes. Avisar assim, na última hora, é, no mínimo, intempestivo”, avaliou o sócio-diretor do  Jornal Midiamax, Carlos Eduardo Naegele.

‘Mesmo saco?’

A decisão conjunta dos dois candidatos vem poucos dias após verdadeira ‘acomodação’ nas candidaturas de velhas personagens do cenário político sul-mato-grossense.

Após manter no primeiro turno o discurso de ‘mudança de verdade’, Reinaldo Azambuja (PSDB) recebeu apoio oficial de boa parte dos afilhados políticos do atual governador, do candidato que ficou em terceiro, Nelson Trad Filho (PMDB) e de Simone Tebet (PMDB), senadora eleita pelo grupo político de André Puccinelli (PMDB).

Delcídio do Amaral, que já iniciou a campanha com o deputado mais antigo de Mato Grosso do Sul, Londres Machado (PR), como candidato a vice-governador, foi até Brasília logo após a confirmação do segundo turno e foi flagrado em conversa com Dilma Rousseff (PT) na presença também de André Puccinelli.

Reinaldo e Delcídio foram aliados até poucos dias antes das definições das candidaturas. Chegaram a visitar o Estado inteiro falando juntos e trocando elogios. Mas, não fecharam a aliança porque as executivas nacionais do PT e do PSDB vetaram.

Reunião

Outro fato ‘curioso’ sobre a condução política da sucessão em MS é o flagrante, na madrugada posterior à eleição, de uma reunião na casa do presidente da Assembleia Legislativa de MS, deputado estadual Jerson Domingos (PMDB), então principal apoiador de Delcídio dentro do PMDB, com a presença de André Puccinelli e o presidente regional do partido de Azambuja, deputado estadual Márcio Monteiro (PSDB).

“É lamentável a decisão combinada dos candidatos, principalmente para os eleitores. Quem perde é a democracia. O Jornal Midiamax mantém sua linha editorial de independência mas, com esse acordo entre os dois candidatos, fica para a população de Mato Grosso do Sul mais uma dúvida sobre até onde vai a disputa pelo governo e onde começam os velhos acordos políticos que o brasileiro já mostrou abominar”, pondera Naegele.

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