Com ações do BC para segurar dólar, dívida cambial atinge maior nível em 11 anos

As vendas de dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda fizeram a dívida interna vinculada ao câmbio atingir o maior nível em 11 anos. A dívida mobiliária (em títulos) interna corrigida por moedas estrangeiras encerrou janeiro em R$ 204,09 bilhões, no valor mais alto desde março de 2003, quando havia atingido R$ […]

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As vendas de dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda fizeram a dívida interna vinculada ao câmbio atingir o maior nível em 11 anos. A dívida mobiliária (em títulos) interna corrigida por moedas estrangeiras encerrou janeiro em R$ 204,09 bilhões, no valor mais alto desde março de 2003, quando havia atingido R$ 225,44 bilhões.

Em termos percentuais, a fatia do câmbio na dívida interna subiu de 9,22% em dezembro para 10,47% em janeiro. A participação é a maior desde outubro de 2004, quando alcançou 11,24%.

Apesar de não envolverem emissões de títulos, as operações de swap cambial tradicional, que equivalem às vendas de dólares no mercado futuro, interferem na composição da Dívida Pública Federal (DPF) conforme os critérios usados pelo Banco Central. Pelos critérios do Tesouro Nacional, que desconsidera as operações de swap, a participação do câmbio na dívida mobiliária interna passou de 0,57% em dezembro para 0,61% em janeiro.

A proporção do câmbio na dívida mobiliária interna tende a aumentar nos próximos meses por causa da decisão do Banco Central (BC) de estender, até junho de 2014, o programa de venda de dólares no mercado futuro. Desde agosto, o BC injeta US$ 500 milhões diariamente nos leilões deswap (que funcionam como venda de dólares no mercado futuro). Em janeiro, esse volume foi reduzido para US$ 200 milhões diários.

Além do aumento da participação do câmbio, a concentração de vencimentos de papéis prefixados – com taxa de juros definida no momento da emissão – piorou a composição da dívida interna em janeiro. A participação dos títulos prefixados caiu do nível recorde de 43,30% em dezembro para 39,91% no mês passado.

A fatia dos títulos vinculados a taxas flutuantes, como a Selic (taxa de juros básicos da economia), subiu levemente, de 11,35% para 11,47%. A participação dos títulos corrigidos pela inflação também cresceu, de 36,14% para 38,16%, no maior nível da história. Todos esses números também levam em conta as operações de swap pelo Banco Central.

Com taxas definidas no momento da emissão, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. O governo sabe exatamente quanto vai pagar no futuro, quando ocorrer o vencimento dos papéis. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima, caso o Banco Central tenha de reajustar os juros básicos por causa da inflação.

Depois de cair em dezembro, quando atingiu 4,18 anos, o prazo médio da DPF subiu em janeiro e encerrou o mês em 4,39 anos, atingindo recorde. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos próximos 12 meses ficou praticamente estável, passando de 24,82% para 24,81%. Prazos mais longos são favoráveis ao Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de rolagem (renegociação) da dívida pública.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado dos investidores recursos para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.

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