Caminho para melhorar relação com EUA está aberto, diz Dilma
A presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista à emissora Al Jazeera, que o “caminho está aberto” para melhorar as relações com os Estados Unidos após as denúncias de espionagem praticada pelo país norte-americano por meio da Agência de Segurança Nacional (NSA). A informação foi divulgada pelo correspondente da Al Jazeera no Brasil, Gabriel Elizondo, em […]
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A presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista à emissora Al Jazeera, que o “caminho está aberto” para melhorar as relações com os Estados Unidos após as denúncias de espionagem praticada pelo país norte-americano por meio da Agência de Segurança Nacional (NSA). A informação foi divulgada pelo correspondente da Al Jazeera no Brasil, Gabriel Elizondo, em sua conta no Twitter.
Segundo o jornalista, ao ser questionada sobre um pedido de desculpas dos Estados Unidos, Dilma foi evasiva. A presidente falou ainda sobre economia, Copa do Mundo e a questão militar envolvendo Israel e Palestina. A entrevista feita pela Al Jazeera vai ao ar hoje.
Sobre a questão do conflito no Oriente Médio, Dilma classificou a ação militar israelense em Gaza como desproporcional. A presidente afirmou que o Brasil está preparado para participar de qualquer tentativa em favor da paz na região.
Crise diplomática
Em setembro do ano passado, a presidente brasileira disse em seu discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, que as denúncias de espionagem do governo americano ao Brasil eram um exemplo de violação grave dos direitos humanos. “Estamos diante de um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis”, disse Dilma na época. As relações entre os EUA e o Brasil se deterioraram após as denúncias de espionagem feitas por Edward Snowden, um ex-terceirizado da NSA.
“Sem o direito à privacidade, não há verdadeira liberdade de opinião, e não há democracia”, afirmou ela, dirigindo-se ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania”, disse Dilma. “Pior ainda quando empresas privadas estão sustentando esta espionagem.”
Em seu próprio discurso, logo depois de Dilma, o presidente Barack Obama disse que os EUA começaram a revisar a maneira como conduzem seus esforços de inteligência para equilibrar preocupações “legítimas” com segurança e respeito à privacidade. Mas defendeu a espionagem. “Como resultado deste trabalho, o mundo está mais estável que cinco anos atrás. Mas um olhar rápido nas manchetes de hoje indica que os perigos ainda existem”, disse Obama.
Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency – NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.
Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.
Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.
O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.
Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.
Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.
Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.
De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada “filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil”. Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.
O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.
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