Artista iraniano confecciona tapete de quase R$ 2,5 milhões para a Copa do Mundo

Um artista iraniano está tecendo um tapete persa, avaliado em US$ 1 milhão (R$ 2,4 milhões), em homenagem à Copa do Mundo no Brasil. O mestre Hossein Kazemi, 49, que produziu tapetes especiais para os últimos quatro Mundiais, disse que a peça deverá ser comprada pela Federação Iraniana de Futebol para ser entregue ao Brasil […]

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Um artista iraniano está tecendo um tapete persa, avaliado em US$ 1 milhão (R$ 2,4 milhões), em homenagem à Copa do Mundo no Brasil.

O mestre Hossein Kazemi, 49, que produziu tapetes especiais para os últimos quatro Mundiais, disse que a peça deverá ser comprada pela Federação Iraniana de Futebol para ser entregue ao Brasil como presente.

Fontes da federação confirmaram à Folha o interesse em oferecê-la aos brasileiros. Não está claro se o destinatário será o governo, a CBF ou outra instituição privada.

Há outros compradores potenciais, como a Fifa.

“Tapetes são parte da nossa tradição cultural, e temos muito orgulho em apresentá-la ao mundo”, disse Kazemi ao exibir a obra à Folha, numa oficina de tecelagem no centro de Teerã.

Quando pronto, o modelo terá bordas amarelas em homenagem à seleção brasileira e, na parte superior, bandeiras dos 32 países classificados. O tamanho final cobrirá 2,2 m por 1,5 m.

Os motivos floridos sobre fundo escuro, que cobrem o centro da peça, são inspirados em um padrão chamado “jardins do Paraíso”, comum entre mestres do século 19.

Na parte inferior, já concluída, a taça do campeonato está representada no meio de dois símbolos da cultura iraniana e brasileira: à esquerda, o túmulo do rei persa Ciro, situado no sul do Irã; à direita, o Cristo Redentor.

Kazemi revela que a representação de Jesus gerou problema nas discussões iniciais sobre o design do tapete com autoridades encarregadas de monitorar a produção.

“Não queriam um desenho de Jesus, mas os convenci de que o Cristo de braços abertos é um símbolo de identidade do país que queremos homenagear”, afirma o mestre, que diz não ter ligação com o governo do Irã.

Por enquanto, o tapete ainda é um esqueleto esticado de cima a baixo numa instalação de madeira que serve como base de trabalho.

Sentado de frente para a obra, Kazemi passa os dias entrelaçando os fios de seda e de lã, tensionados para formar os minúsculos nós que compõem a estrutura e os desenhos da peça.

As cores, diz ele, são naturais, obtidas a partir de casca de romã ou de pistache.

O trabalho começou há dez meses e deve terminar em abril, quando começarão os trâmites para levar o tapete ao Brasil, onde será exibido dentro de um aquário cheio para provar sua resistência.

Segundo Kazemi, o alto valor do tapete se explica pela qualidade dos materiais, pela delicadeza do traço e pelo tempo de trabalho.

O artista atua a serviço de uma empresa japonesa-iraniana, que está financiando o tapete da Copa com objetivos comerciais, assim como fez nos Mundiais de 1998, 2002, 2006 e 2010.

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