UFRJ e prefeitura chegam a acordo sobre reforma de elevado
As partes envolvidas na polêmica sobre a reforma do Elevado do Joá, que liga a Barra da Tijuca à zona sul do Rio de Janeiro e é via fundamental para os Jogos Olímpicos de 2016, chegaram a um denominador comum. O anúncio de obras de reestruturação com custos de R$ 70 milhões agradou à Coordenação […]
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As partes envolvidas na polêmica sobre a reforma do Elevado do Joá, que liga a Barra da Tijuca à zona sul do Rio de Janeiro e é via fundamental para os Jogos Olímpicos de 2016, chegaram a um denominador comum.
O anúncio de obras de reestruturação com custos de R$ 70 milhões agradou à Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que fez estudo recomendando a reconstrução total do elevado.
A reportagem do Terra andou pelo elevado e encontrou vários sinais de degradação. Obras que já estão em curso e vão ser intensificadas neste mês vão instalar 128 vigas metálicas em cada nível (tabuleiro) do elevado. O trabalho começou pela parte inferior (sentido Barra-São Conrado). Segundo a prefeitura, a ideia é fazer os dentes de Gerber – estruturas que o relatório da Coppe apontou como comprometidas – perderem sua função estrutural, já que o peso do elevado será todo transferido para as novas estruturas.
“A Coppe mantém a sua ideia no trabalho de consultoria para que foi contratada: melhor seria reconstruir. Isso nem sempre é possível. Mas não acho que a prefeitura esteja fazendo uma maquiagem. Em dezembro, quando apresentamos o estudo, a prefeitura estava se encaminhando para uma solução paliativa. Felizmente passaram a adotar uma visão diferente”, diz o professor de Engenharia Civil da Coppe Eduardo de Miranda Batista.
O especialista coordenou estudo de quatro anos que avaliou o elevado. A pesquisa apontou que 10% dos dentes de Gerber (estruturas para dar sustentação) da via apresentavam problemas.
Segundo o relatório, há risco de colapso no elevado, embora não se possa especificar por quanto tempo a estrutura ainda aguentaria. “Acredito que, para o problema específico dos dentes, se as intervenções funcionarem, vão dar segurança talvez por um longo tempo. Tudo vai depender da qualidade do tratamento dado a essas vigas em relação à corrosão. Todos os problemas lá são por causa da corrosão”, explica Batista, que defende um trabalho de acompanhamento e manutenção constante. “É preciso manter o elevado sempre sob vigilância. Por causa da corrosão, novos focos de problema podem surgir.”
A obra já começou a ser feita no nível inferior do elevado, onde o trabalho vai ocorrer durante as 24 horas do dia, sem necessidade de interrupção do tráfego. Na parte de cima, quando começar, será de quinta a domingo, das 23h às 5h, com interdição do trânsito. O esquema de circulação ainda está sendo detalhado pela CET-Rio.
A prefeitura imagina que os trabalhos levarão pelo menos seis meses. Como sugerido pela Coppe, a prefeitura baixou o limite de velocidade na via de 80 km/h para 60 km/h e proibiu o trânsito de caminhões por 12 meses. “Já vínhamos fazendo intervenções há algum tempo. Agora, são intervenções definitivas, pesadas, para acabar com essa história de que o elevado corre risco de cair. Você resolve todos os problemas. O Elevado do Joá vai ficar zerado, novo”, afirma o prefeito Eduardo Paes (PMDB), que elencou outras intervenções além da instalação das vigas: reforma dos guarda-rodas e pergolados (vigas de concreto instaladas nos emboques) dos túneis de São Conrado e Joá.
As paredes laterais, as vigas e as lajes destes dois túneis também passarão por obras. Inicialmente a prefeitura pretendia gastar R$ 7 milhões e fazer a troca de apenas 23 (os que estavam em pior estado) dos 1.996 dentes Gerber do elevado – apenas 42,1% deles puderam ser avaliados pelo estudo da Coppe. Agora, cada uma das vigas (que pesam 1.641 toneladas) será colocada sob os dentes, apoiadas em macacos tóricos que, por sua vez, estarão sobre estruturas de concreto chamadas consoles.
Segundo o coordenador-geral de projetos da Secretaria de Obras, João Luiz Reis, as obras vão evitar novas grandes intervenções por bastante tempo. “Com as obras que serão executadas e a manutenção rotineira, o Joá não precisará de reforço estrutural por 20 anos, 30 anos”, garante.
O Elevado do Joá foi inaugurado em 1971 e passou por uma obra de reforço da estrutura no final da década de 1980, quando a Coppe também detectou riscos de colapso. A recuperação custou US$ 8 milhões e demorou três anos para ser realizada.
Ainda neste mês a Fundação Geo-Rio vai apresentar o projeto executivo para criação de duas novas faixas independentes e paralelas às existentes, no sentido Barra, com construção de dois túneis nos emboques São Conrado e Joá. O projeto foi aprovado em agosto pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e será uma das soluções para a ligação Barra da Tijuca- zona sul durante a Olimpíada de 2016.
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