Servidores denunciam que mesmo após batida da PF rotina do HU continua a mesma
Segundo eles, os homens de confiança de José Carlos Dorsa assumiram o comando do HU e tudo continua como antes da Operação Sangue Frio
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Segundo eles, os homens de confiança de José Carlos Dorsa assumiram o comando do HU e tudo continua como antes da Operação Sangue Frio
Nem a batida da PF (Polícia Federal) conseguiu mudar o ‘modus operandi’ do Hospital da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. A afirmação é de funcionários do HU que estão indignados e preferiram não se identificar por medo de represálias. O técnico do CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saude), Carlos Simões Gonçalves que conhece a rotina do HU informou que com a saída de José Caros Dorsa, a equipe dele passou a ‘tomar conta’ da unidade hospitalar.
Para os servidores o sentimento de frustração é revoltante. “Nós estamos inconformados porque acreditamos que o HU iria começar a funcionar como deve após a batida da PF, mas o que aconteceu é que o pessoal do time dele (Dorsa) preencheu a vaga e continua tocando o hospital como antes”, disse uma funcionária.
“O Modus Operandi é o mesmo. Aqui tem inúmeras contratações irregulares que permanecem: de pessoas e de serviços. A do ar-condicionado era absurda. Primeiro duas empresas, a Ricetti e Reciclare, faziam o serviço por R$ 38,3mil por mês. Depois veio a Transamérica, sem licitação, em contrato emergencial de 6 meses, fazer o serviço por R$ 161,3 mil mensais ou seja, um sobrepreço de 420%. Encerrou em dezembro, estamos sem manutenção e ninguém morreu por isso até agora”, reclamou outro servidor.
Eles contaram ainda que a empresa Med Care que foi denunciada em 2012, dois meses antes da licitação acontecer e que está em um dos processos do MPF (Ministério Público Federal) sobre possível fraude em pregão eletrônico, continua prestando serviço ao HU.
“A Med Care ainda estar aqui, depois da denúncia de direcionamento no MPF é revoltante. Será que os órgãos fiscalizadores não se importam com o dinheiro público? Em 2011 a manutenção dos equipamentos custou R$ 21,5 mil o ano todo. Em 2012 essa empresa entrou ganhando R$ 149,9 mil por mês. É um absurdo”, declarou.
O técnico-administrativo Carlos Simões confirma todas as informações. Segundo ele, nem uma investigação interna foi aberta no HU.
“Nada está sendo feito no HU. Tudo está como antes. No mínimo os diretores deveriam ter sido afastados, uma sindicância deveria estar sendo realizada. Existem provas suficientes para tomar essas medidas. Isso só deixa evidente a falta de competência desta reitora que ai está”, ressaltou.
Perseguição
Simões fez questão de dizer que a Reitora Célia Maria Oliveira tem emplacado uma nítida perseguição contra os técnicos-administrativos, que são os únicos que se levantam contra as ‘barbaridades’ cometidas por ela. Por isso, segundo ele, o medo e receio desses servidores em se identificar quando fazem as denúncias.
“Nos técnicos ‘dinossauros’ somos os únicos que conhecemos a história da Instituição e da própria Célia e por isso nos levantamos contra as barbaridades que ela tem cometido. Por conta disso temos sido perseguidos sistematicamente. Temos nossos salários cortados, benefícios desconsiderados, tudo para nos abalar. Várias manobras inclusive para dividir a própria categoria. Eu mesmo tenho sido vítima de perseguição aqui na UFMS, mas não posso ficar calado diante de tantas irregularidades”, declarou.
Para Carlos, Célia incorre em crime de omissão e de responsabilidade em função, principalmente, do artigo 143 da lei do Regime Jurídico Unico (RGU), que rege os servidores públicos: “A autoridade que tiver ciência de irregularidades no serviço público é obrigada a apurar imediatamente, por meio de sindicância e processo administrativo, assegurando porém o direito de ampla defesa”.
UFMS
A reportagem entrou em contato com a UFMS e a informação é de que eles estão aguardando o material preeendido no HU pelo PF para saber que procedimentos serão adotados.
Confira anota na íntegra:
Em relação às providências adotadas pelo hospital a administração da Universidade informa que o médico José Carlos Dorsa Vieira Pontes foi exonerado do cargo de diretor, a pedido, com publicação em Diário Oficial no dia 6 de maio. Em 19 de março, em caráter preventivo, o médico já havia sido afastado da direção por sessenta dias.
O Procurador Jurídico da UFMS requisitou junto à PF o material que foi apreendido no HU, mas este ainda não foi totalmente disponibilizado. Parte do material disponibilizado pela Polícia Federal será encaminhado para que a administração delibere sobre os procedimentos a serem adotados: abertura de processos administrativos em face dos envolvidos; suspensão de pagamentos de empresas fornecedoras suspeitas de fraude na licitação e rescisões contratuais.
Com o recebimento dos relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) e da PF medidas que apontam as irregularidades no HU já estavam sendo apuradas preliminarmente pela auditoria interna da Instituição, desde abril de 2013.
Atualmente, o trabalho da auditoria interna se converteu em Sindicância Investigativa, sendo que, na medida em que forem sendo constatadas as irregularidades, a comissão encaminhará relatórios parciais para a Reitoria indicando os possíveis infratores e infrações cometidas, para imediata instauração de Processo Administrativo Disciplinar (PAD).
‘Batida’ da Polícia Federal
A Polícia Federal deflagrou no dia 19 de março de 2013 a Operação Sangue Frio. Mais de 100 agentes da PF e auditores fiscais fizeram apreensão de documentos no HU e no Hospital do Câncer. Durante a ação, o diretor Geral do HU, José Carlos Dorsa, o administrador Alceu Edison Torres e outros dois funcionários terceirizados foram afastados por ordem Judicial.
Segundo o superintendente da PF, Edgar Marcon, a investigação detectou desvio de recursos do SUS que somam, inicialmente, R$ 3 milhões em reformas no HU. Contudo, a coordenadora da CGU (Controladoria Geral da União), Janaína Farias, informou que o valor pode aumentar após a análise do material apreendido.
Marcon informou ainda que pelo menos sete pregões do HU têm sérios indícios de irregularidades e que há provas o suficiente para a condenação de todos os envolvidos. Mas adverte que tudo deve ser muito bem investigado porque há muito tempo eles estão ‘nisso’ e não há como saber de imediato onde termina o recurso lícito e começa o ilícito.
Os crimes investigados são: fraude em licitação, superfaturamento, corrupção passiva, peculato e formação de quadrilha.
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