Por segurança, MP ameaça interditar sambódromo de Porto Alegre
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deu prazo até a manhã de sexta-feira para que a prefeitura de Porto Alegre apresente garantias de segurança do Complexo Cultural do Porto Seco. Caso a inspeção do Corpo de Bombeiros – prevista para ocorrer às 10h – identifique irregularidade nas instalações, o MP pedirá a […]
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O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deu prazo até a manhã de sexta-feira para que a prefeitura de Porto Alegre apresente garantias de segurança do Complexo Cultural do Porto Seco. Caso a inspeção do Corpo de Bombeiros – prevista para ocorrer às 10h – identifique irregularidade nas instalações, o MP pedirá a interdição do sambódromo, o que inviabilizaria o Carnaval da cidade neste ano. O desfile das escolas de samba do grupo especial está previsto para acontecer na noite desta sexta-feira.
“Por cautela e por consideração ao município, aos carnavalescos e à comunidade, o Ministério Público aguardará até amanhã às 10h, quando acontecerá a inspeção por parte do Corpo de Bombeiros no sambódromo do Porto Seco”, afirmou nesta quinta-feira o promotor de Justiça Fábio Roque Sbardellotto.
Desde o incêndio na Boate Kiss, que em janeiro deixou mais de 230 mortos em Santa Maria, cresceu a preocupação com a segurança em locais de grande aglomeração de pessoas no Estado. Nesta semana, o MP foi informado pelo Corpo de Bombeiros a respeito das irregularidades do Porto Seco. Desde então, os promotores acionaram os órgãos responsáveis em busca de informações. Caso a inspeção dos Bombeiros detecte que alguma das adequações solicitadas à prefeitura não tenha sido atendida, não restará outra alternativa senão ingressar com ação pedindo a interdição do local. “Havendo riscos, não há como tolerar”, afirmou Sbardellotto.
Em nota, a Secretaria Municipal da Cultura, responsável pela administração do Porto Seco, afirmou que está “seguindo rigorosamente todas as exigências do Corpo de Bombeiros para o pleno cumprimento do Plano de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI) dos Desfiles Oficiais do Carnaval”. A pasta declara que mais de 90% das exigências já foram cumpridas e que as restantes devem ser aprovadas “nas próximas horas”.
“Essas vistorias vêm sendo acompanhadas pelas autoridades fiscalizadoras e estão rigorosamente dentro de seu cronograma habitual, cumprido nos meses de janeiro e fevereiro”, conclui a secretaria.
Incêndio na Boate Kiss
Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.
Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. “Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair”, contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.
A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.
Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.
Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente – dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.
A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.
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