Perto de colapso, reservatórios sem água ameaçam abastecimento no Nordeste

O prolongamento da estiagem no Nordeste deixou a maioria dos reservatórios de água em situação crítica e ameaça o abastecimento dos moradores de algumas cidades da região nos próximos meses. A falta de acúmulo de água pelas poucas chuva é apontada por especialistas como um dos principais problemas a média prazo causados pela seca que […]

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O prolongamento da estiagem no Nordeste deixou a maioria dos reservatórios de água em situação crítica e ameaça o abastecimento dos moradores de algumas cidades da região nos próximos meses.

A falta de acúmulo de água pelas poucas chuva é apontada por especialistas como um dos principais problemas a média prazo causados pela seca que atinge a região desde o final de 2011.

A atual estiagem, segundo o governo, é há pior em 30 anos e foi responsável pela morte de 4 milhões de animais somente em 2012.

A situação das barragens e açudes de abastecimento é preocupante em pelo menos cinco Estados, segundo dados colhidos pelo UOL com os institutos de recursos hídricos e meio ambiente. Ao todo, oito dos nove Estados do Nordeste estão em área do semiárido — só o Maranhão está fora– e sofrem com a seca.

“Em 2013, por exemplo, a região enfrenta a maior seca dos últimos 50 anos, com mais de 1.400 municípios afetados”, disse o meteorologista Humberto Barbosa, da Universidade Federal de Alagoas.

Problemas em cinco Estados

Em Pernambuco, 36 dos 107 reservatórios estão em colapso, com menos de 10% da capacidade. Desses, 21 estão sem nenhuma gota de água e comprometem o abastecimento de cidades.

Um deles é o segundo maior reservatório, o de Entremontes, em Parnamirim, que está completamente vazio.

A Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento) informou que 25 cidades enfrentam problemas de abastecimento atualmente, sendo 13 delas em colapso completo.

No Ceará a situação é crítica em mais da metade dos reservatórios. Apenas um dos reservatórios –o do Gavião– tem mais de 80% da capacidade, mas que fica localizado próximo ao litoral. Mais de 20 estão com menos de 10% do volume total.

No Sertão de Cratéus, as barragens estão praticamente secas. Na região, os 10 açudes estão com menos de 15 da capacidade. Os dois maiores –de Barra Velha e Realejo– estão com menos de 12% do volume máximo total.

Por conta da falta de água, as cidades de Crateús, Novo Oriente e Quiterianópolis entraram em uma verdadeira disputa pela água do açude Flor do Campo. Em julho, as comportas foram abertas e, mesmo com os protestos, os municípios passaram a dividir a água.

A Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará) afirmou ao UOL que cerca de 20 cidades estão passando por racionamento por conta da estiagem –18 cidades delas com fonte hídrica principal muito abaixo da média.

No Rio Grande do Norte, os reservatórios estão com menos de 40% da capacidade total de acumulação de água. Segundo dados desta sexta-feira (25), da capacidade de 4,9 bilhões de litros, os reservatórios estão com apenas 1,9 bilhão.

A situação é mais crítica em algumas regiões do sertão. O maior reservatório, o Engenheiro Armando Gonçalves, em Assu, dos 2,4 bilhões, o volume atual é de 934 mil– 39% da capacidade. Há casos de reservatórios vazios, como o de Pilões.

A situação também preocupa na Bahia, segundo o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Com exceção da região do recôncavo norte, onde as barragens apresentam bons índices, a maioria dos reservatórios está com situação crítica, abaixo da metade do máximo.

A região do São Francisco é uma das mais afetadas. O maior reservatório, a barragem de Sobradinho, por exemplo, está operando com 1/3 apenas do volume operacional.

Segundo a Embasa (Empresa Baiana de Saneamento), dos 364 municípios baianos atendidos pela Embasa, apenas 16 estão em racionamento de água.

Na Paraíba, dos 121 reservatórios, 56 estão em situação crítica com menos de 20% da capacidade total de água. O açude Engenheiro Ávidos, em Cajazeiras, o quarto maior do Estado, é um dos exemplos: dos 255 milhões de litros de capacidade, o volume atual está em apenas 34 milhões –13,5% do total.

Segundo a Cagepa (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba), oito municípios e quatro distritos estão em colapso de abastecimento. Além deles, 20 sedes municipais e sete distritos estão enfrentando racionamento.

Três menos afetados

Em Sergipe, segundo o diretor de Operações da Deso (Companhia de Saneamento de Sergipe), Silvio Múcio, em Sergipe, nos 71 municípios onde o abastecimento de água é operado pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) não há problema de desabastecimento.

A empresa é responsável por operar a recém-construída barragem do Poxim, que está com a capacidade máxima alcançada –o que dá para garantir a segurança hídrica de cidades da região metropolitana de Aracaju durante todo o ano.

Em Alagoas, das 75 cidades atendidas pela Casal (Companhia de Saneamento de Alagoas), 32 estão em rodízio. Porém, segundo o superintendente de Negócios do Interior, Antônio Fernando, nenhum enfrenta colapso e boa parte dos que enfrenta racionamento não foi afetado diretamente pela seca.

“Nós já temos vários casos que as cidades já trabalhavam com rodízio por deficiência de sistemas, independente da chuva. É o caso do sertão, da bacia leiteira, que têm a água do São Francisco, mas não têm sistemas de adutoras suficientes”, explicou.

No Estado do Piauí, apenas cinco municípios pela Agepisa (Águas e Esgotos do Piauí) estão com dificuldades no abastecimento. Em Parnaguá, a lagoa onde era feita a captação está com o nível muito baixo, e a água não pode ser mais utilizada para abastecimento humano.

Já em Cristalândia, o rio Palmeiras secou e não há mais onde a Agespisa fazer a captação de água. Em Fartura o açude da cidade secou. Em Alto Longá e Barro Duro, os poços estão com vazões baixas ou secos.

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