Morte de líder do Talebã no Paquistão pode comprometer negociações de paz
A morte de Hakimullah Mehsud, o líder do TTP, o grupo talebã no Paquistão, parece ter comprometido as negociações de paz que o governo paquistanês esperava realizar em breve com os militantes. O ministro do Interior do Paquistão, Chaudhry Nisar Ali Khan, descreveu o ataque americano com drones como “uma tentativa de sabotar as negociações”. […]
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A morte de Hakimullah Mehsud, o líder do TTP, o grupo talebã no Paquistão, parece ter comprometido as negociações de paz que o governo paquistanês esperava realizar em breve com os militantes.
O ministro do Interior do Paquistão, Chaudhry Nisar Ali Khan, descreveu o ataque americano com drones como “uma tentativa de sabotar as negociações”.
Ele disse que o ataque aconteceu um dia antes de uma delegação de três membros do governo seguirem para o noroeste do país para iniciar as negociações de paz com o grupo de Mehsud.
As autoridades paquistanesas esperavam que os ataques aéreos parassem próximo ao início das negociações.
Porém, isso foi antes de dois ataques acontecerem na quinta e na sexta-feira na região do Waziristão do Norte, principal reduto do Talebã e da Al-Qaeda na região.
Mehsud foi morto junto com outras quatro pessoas, incluindo dois de seus guarda-costas, quando quatro mísseis atingiram seu veículo, um oficial do Talebã disse.
SabotagemHá muito tempo que o paquistaneses reclamam que os americanos usam ataques aéreos na região para sabotar as perspectivas de paz com os militantes.
A morte de Waliur Rehman, o número 2 do TTP, em maio, levou Khan a observar que “sempre que há uma tentativa de quebrar barreiras com o Talebã, algo dá errado.”
No entanto, muitos no Paquistão sentem que o golpe que matou Hakimullah Mehsud pode realmente estimular os militantes a concordarem com uma negociação de paz com o governo paquistanês.
Há algumas semanas Mehsud deu uma rara entrevista à BBC, na qual ele descreveu suas condições para um acordo de paz – incluindo a introdução de uma versão dura e controversa da lei islâmica no Paquistão.
Nova liderança
Com Mehsud agora fora de cena, os grupos mais influentes que permanecem no TTP são os que têm favorecido as negociações de paz.
Um deles inclui os partidários do grupo de Waliur Rehman, agora liderado pelo comandante Khan Said Sajna.
Waliur Rehman se candidatou à liderança do TTP quando o líder fundador do grupo, Baitullah Mehsud, foi morto em um ataque com drones em 2009, mas perdeu para Hakimullah Mehsud.
Sajna, que favorece o diálogo com o governo paquistanês, é agora apontado para suceder Hakimullah Mehsud.
Os homens de Sajna têm lutado, e quase ganharam, uma guerra por territórios com os homens de Hakimullah Mehsud em Karachi, a maior cidade do Paquistão, que também é um importante centro de negócios para operações criminosas.
O outro grupo é liderado pelo influente Asmatulah Muawiya, que saudou publicamente a oferta de negociações de paz proposta em agosto pelo primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif, e foi repreendido pela liderança do TTP por fazê-lo.
Embora o grupo de Muawiya não tenha esperanças em liderar o TTP, que é essencialmente controlado por homens da tribo de Mehsud, eles constituem uma força substancial fornecendo combatentes altamente treinados e ideologicamente motivados.
Talebã
O movimento radical islâmico provou ser uma grande força de combate no Afeganistão e uma forte ameaça para o seu governo.
O Talebã também ameaça desestabilizar o Paquistão, onde controla áreas no noroeste e tem sido responsabilizado por uma onda de atentados suicidas e outros ataques.
O movimento surgiu no início dos anos 1990 no norte do Paquistão após a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão.
O Paquistão negou repetidamente ser responsável pela formação do grupo. Mas há pouca dúvida que, inicialmente, muitos afegãos que aderiram ao movimento foram educados em madrassas (escolas religiosas) no país.
Junto com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (EAU), o Paquistão foi também um dos únicos três países que reconheceram o Talebã quando este estava no poder no Afeganistão a partir de meados da década de 1990 até 2001. E foi o último país a romper relações diplomáticas com o grupo.
Embora o Paquistão tenha adotado uma linha mais dura contra os militantes talebãs nos últimos anos em seu território, o primeiro-ministro Nawaz Sharif, eleito em maio, disse que negociar com os militantes era uma de suas prioridades.
Nos últimos meses, pelo menos três principais líderes do talebã paquistanês foram mortos em ataques aéreos norte-americanos.
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