Idosos tentam há 20 dias internar filha com problemas psiquiátricos e não conseguem
O aposentado Virgínio Cândido Ferreira, de 76 anos, e a esposa dele, Dejanira Rodolpho Ferreira, de 74 anos, enfrentam há quase 20 dias verdadeira maratona na saúde pública de Campo Grande. Tudo que precisam é internar a filha, Tânia Lucia Rodolpho Ferreira, de 51 anos. Segundo eles, o sofrimento é causado pela falta de vagas de psiquiatria […]
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O aposentado Virgínio Cândido Ferreira, de 76 anos, e a esposa dele, Dejanira Rodolpho Ferreira, de 74 anos, enfrentam há quase 20 dias verdadeira maratona na saúde pública de Campo Grande. Tudo que precisam é internar a filha, Tânia Lucia Rodolpho Ferreira, de 51 anos. Segundo eles, o sofrimento é causado pela falta de vagas de psiquiatria na capital.
Virgínio conta que a filha começou a apresentar problemas psiquiátricos desde que o filho dela se envolveu com drogas. Ele revela que a mãe tentou de tudo para salvar o filho e tirá-lo das ruas. Mas, diante da luta infrutífera acabou adoecendo e um problema surgiu atrás do outro. “Ela entrou em parafuso e desde então está cada vez pior”, revela o aposentado.
A mulher foi diagnosticada com quadro psiquiátrico grave e já ficou internada por várias no setor de psiquiatria da Santa Casa e do Hospital Nosso Lar. Mas, nos últimos meses estava em tratamento no Caps AD (Centro de Assistência Psicossocial de Álcool e Drogas).
Segundo o pai, Tânia vinha apresentando melhoras e já havia previsão de começar a fazer terapias com trabalhos manuais, já que o quadro parecia caminhar para uma estabilização.
Contudo, no último dia 2 teve uma crise forte, começou a passar mal e a família a levou para o posto 24 horas do Aero Rancho. De lá a encaminharam para o Caps III, onde segundo o pai, lhe deram um soro e ela voltou para casa.
Quando foi no dia 3 teve uma diarreia e começou a ficar cada dia mais fraca a ponto de não conseguir ficar em pé. Quase uma semana depois, no dia 8 levou um tombo em casa e se machucou. A família então a levou novamente ao posto do Aero Rancho. Lá a encaminharam para o Caps III, que por sua vez, encaminhou para a Santa Casa de Campo Grande.
Quando a família pensou que por fim conseguiria dar o tratamento adequado, a surpresa. Na Santa Casa um cirurgião plástico examinou o nariz, olhou o raio-x e disse que a paciente não tinha nada e poderia ir embora. “Não viram o histórico dela. Nada. Sequer a examinaram direito. Só olharam o nariz e mandaram a gente voltar para trás”, reclama o irmão Telmo Luís Ferreira, 54 anos, técnico em agronegócio
O irmão explicou o porquê do tombo de Tânia e disse ao médico que ela precisava ser internada, pois não tinha condições de ficar em casa. Pois, estava cada dia mais debilitada e os pais, idosos, não conseguiam prestar o atendimento ideal a ela.
Segundo Telmo, o médico disse que não havia vaga na psiquiatria e que eles, se quisessem que aguardassem. “Isso era 15 horas. Nós saímos de lá às 21 horas e nada foi resolvido”, conta.
Na última quinta-feira (10), Telmo contou que a situação se agravou. A irmã, novamente, entrou em crise e eles precisaram correr. O Samu veio e a levou para o 24 horas do posto Guanandy. Como não havia vaga na enfermaria adulta, ela foi colocada na infantil. “O atendimento foi feito. Eles até a colocaram na enfermaria infantil, mas outra vez não encaminharam para a psiquiatria”, reclama.
O irmão critica que eles precisaram ficar lá o tempo todo com ela, sem condições alguma, já que não havia onde eles ficarem e não foi feito encaminhamento para o hospital.
Sem condições de deixar os pais lá, junto com a irmã, ele pediu ao médico que fizesse o encaminhamento, o que foi recusado novamente.
“Ele disse que não tinha vaga na psiquiatria e não tinha como encaminhar. Que tínhamos que aguardar de três a dez dias. Mas, como? Meu pai tem um aponte de safena e uma carótida. Minha mãe cinco pinos na coluna e um marcapasso. Eu estou, temporariamente aqui, faltando trabalho, para ajudar. Mas, tenho que voltar para Rochedo”, explica.
Sem solução, a família procurou a Defensoria Pública para tentar uma vaga via Justiça. Mas, para isso eles precisam de um laudo médico atestando a necessidade da internação. O que nenhum dos médicos fez até agora.
Telmo conta que procurou a médica do Caps AD que fazia o acompanhamento da irmã para pedir o laudo. Mas, a profissional disse que não poderia fazer o documento sem ver a paciente. Mas, Tânia está acamada na cama e não consegue se levantar para ir ao Caps e ser examinada.
O Samu, por sua vez, só leva o paciente para os postos 24 horas. E a família, desesperada, se questiona o que fazer para conseguir internar Tânia.
Prefeitura
Procurada, a Prefeitura Municipal de Saúde informou que a Sesau (Secretária Municipal de Saúde) irá amanhã, pela manhã, na residência da paciente para fazer avaliação com uma equipe do Caps AD.
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