Entidades da PM recuam e cancelam manifestação de apoio a condenados do Carandiru

Entidades de classe da Polícia Militar recuaram e decidiram cancelar uma manifestação de apoio aos 23 policiais condenados pela assassinato de 13 detentos do complexo penitenciário do Carandiru. O ato seria realizado nesta segunda-feira (6) com um abraço coletivo em torno do Tribunal de Justiça de São Paulo, no centro da capital paulista. De acordo […]

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Entidades de classe da Polícia Militar recuaram e decidiram cancelar uma manifestação de apoio aos 23 policiais condenados pela assassinato de 13 detentos do complexo penitenciário do Carandiru. O ato seria realizado nesta segunda-feira (6) com um abraço coletivo em torno do Tribunal de Justiça de São Paulo, no centro da capital paulista.

De acordo com o coordenador das 21 entidades de classe da PM e presidente Associação dos Oficias da Polícia Militar no Estado, coronel Luis Carlos dos Santos, a decisão foi tomada em reunião entre representantes desses grupos “a fim de não se criar nenhuma polêmica e nenhuma pressão”.

“Resolvemos adiar o ato. Pode ser que lá na frente, se houver consenso, alguma manifestação seja realizada. Mas não será nada de forma atrapalhada, confusa: será ‘pé no chão’ e com base moral e legal. Quando se age muito pelo emocional, você pode quebrar a cara”, disse.

Os PMs foram condenados a 156 anos de prisão pela morte de 13 presos que estavam no segundo pavimento do pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção. Como não eram réus presos, tiveram garantido o direito de recorrer da sentença em liberdade.

No dia seguinte à condenação o coordenador das entidades disse que a manifestação tinha o objetivo de fazer com que o TJ analisasse a questão dos condenados “com um sentimento mais social”. “Será que é isso que a sociedade quer?”, declarou Santos, na ocasião, em argumento semelhante aos da advogada dos réus, Ieda Ribeiro dos Santos. Após a divulgação da sentença pelo juiz José Augusto Marzagão, ela avaliou que o resultado não era “a vontade da sociedade brasileira”.

Nesta segunda, Santos disse que, na reunião, os representantes das entidades teriam admitido “vários argumentos” pela não realização do ato. “A ideia era fazer um ato simbólico, pacífico. E se aparece aquele imbecil com palavra de ordem e faz com que se perca o controle? Preferimos estudar uma forma de agir com mais consenso”, resumiu o coronel.

O júri do mês passado foi o primeiro de uma série de quatro que o juiz do caso, José Augusto Marzagão, espera realizar até o final deste ano. A cisão dos julgamentos foi feita a partir da denúncia do Ministério Público –que formulou as acusações contra os PMs conforme a ação de grupos deles em pavimentos (ou andares) distintos do pavilhão 9.

Ao todo, o massacre de 111 presos do pavilhão 9 têm no banco dos réus 79 PMs –cinco já morreram. Como no primeiro júri foram 23 PMs condenados e três absolvidos pela morte de 13 presos –eram 15 vítimas, mas o próprio MP admitiu que duas foram mortas por armas brancas –, restam ainda para ser julgados 53 policiais pelo assassinato de 96 presos. O crime prescreve em 2020.

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