Enquanto sindicalistas cobram folgas, comerciários preferem aproveitar época para aumentar comisssões

Considerado o melhor mês para receber um salário polpudo, dezembro também é mês da queda de braço entre lojistas e o Sindicato dos Comerciários, que aumenta a fiscalização do cumprimento de convenção coletiva assinada para que os trabalhadores do comércio não cumpram jornada extenuante de trabalho. De um lado os sindicalistas que orientam e explicam […]

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Considerado o melhor mês para receber um salário polpudo, dezembro também é mês da queda de braço entre lojistas e o Sindicato dos Comerciários, que aumenta a fiscalização do cumprimento de convenção coletiva assinada para que os trabalhadores do comércio não cumpram jornada extenuante de trabalho.

De um lado os sindicalistas que orientam e explicam que o número de horas extras deve ser limitado e que quem trabalha no domingo deve ter obrigatoriamente uma folga na semana seguinte. Na outra ponta os vendedores, que aproveitam dezembro para aumentar as comissões e o salário. Com jornada diária de até 15 horas durante o período de atendimento especial do comércio, os vendedores entrevistados pelo Midiamax são unânimes. O objetivo é trabalhar, bater meta e aumentar a comissão.

Vendedor há 25 anos, Otávio Gonçalves da Silva, de  48 anos, garante que prefere trabalhar e aproveitar a época das festas. “Aqui trabalhamos em dois turnos e temos que bater meta, mas além disso, tenho que aproveitar para vender, pois os consumidores têm dinheiro agora, é quando ganhamos mais”.

O mesmo pensamento tem Patricia Moraes, de 22 anos, que já vem preparada para trabalhar. “É difícil para quem tem família, eu tenho filho, sou casada, mas mesmo assim prefiro vir trabalhar e aproveitar o mês que vende mais, que todos compram roupas”, explica ela, que é vendedora de jeans em uma loja e foi contratada para essa época. “Estou aqui há dois meses e foi para isso mesmo que fui contratada, então, temos que trabalhar”, afirma ela, que chegou às 7h20min na loja e deve sair depois das 22h.

O vendedor de eletrodomésticos José Pereira, de  52 anos, diz que trabalha até aguentar e se for preciso, pede para o gerente para ficar “mais um pouquinho”. “Vendedor é assim, tem que se esforçar para garantir o melhor salário e aumentar a comissão”, conta ele. Para Pereira, que é vendedor há 15 anos, o ano está razoável de vendas. “Já bati minha meta, mas agora quero aumentar para conseguir um salário melhor, daí é minha vez de comprar”, conta ele já saindo para atender uma cliente.

Segundo os entrevistados, os salários variam de R$ 2 mil a R$ 4 mil nesta época do ano.

Sindicato

De acordo com a diretora da relações sindicais do Sindicato dos Comerciários Rubia Santana, é preciso também entender o lado dos comerciários. “Nós orientamos para que eles garantam seus direitos, para que não sejam expostos a situações degradantes de trabalho, não fiquem extenuados, mas também entendemos que agora é a época, então a regra é ter bom senso. O sindicato trabalha em conjunto com os comerciários”, garante ela.

Segundo Rubia, o sindicato procura as lojas onde há denúncias e conversam com as chefias. “Não temos poder de fiscalização, mas aquelas lojas onde há denúncias, nós orientamos e orientamos também os funcionários para que continuem nos procurando. Muitos não querem a folga, mas também tem aqueles que precisam, que estão cansados e que querem o direito garantido, então prevalece a convenção coletiva”, aponta.

A entidade abrange a fiscalização também em supermercados, shoppings e comércio central em geral. “Nosso grande problema é com os supermercados onde não há comissão e os funcionários trabalham até 14 horas diárias nessa época do ano, ou passam vários domingos sem folga”, pontua.

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