Criadora do app Lulu fala sobre polêmica de avaliar homens

Foi durante um encontro regado a muitas bebidas com as amigas, logo depois do Dia dos Namorados, que a jamaicana Alexandra Chong teve a ideia de criar um sistema de buscas que reunisse informações sobre pretendentes e ex-ficantes. Do site Luluvise, lançado sem grande sucesso no fim de 2011, nasceu o aplicativo Lulu, que tem […]

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Foi durante um encontro regado a muitas bebidas com as amigas, logo depois do Dia dos Namorados, que a jamaicana Alexandra Chong teve a ideia de criar um sistema de buscas que reunisse informações sobre pretendentes e ex-ficantes. Do site Luluvise, lançado sem grande sucesso no fim de 2011, nasceu o aplicativo Lulu, que tem 1 milhão de usuárias (assim, no feminino) nos Estados Unidos e por aqui está entre os aplicativos mais baixados e polêmicos desde a semana passada.

O Lulu foi criado para dar às mulheres poder para tomar decisões inteligentes em relação a temas que vão desde relacionamentos até beleza e saúde — resume a ex-tenista profissional Alexandra, 32 anos, comprometida há seis meses com o fotógrafo Jack Brockway, de 33 anos, sobrinho de Richard Branson, o exótico fundador do grupo Virgin.

O aplicativo permite que as mulheres avaliem os seus amigos do Facebook dando notas e usando hashtags engraçadinhas, como #MaisPopQueOPapa, #RespondeSMSRapido, #DeixaAsInimigasComInveja, #PiorMassagemDoMundo e #ObcecadoPorStarWars (veja outras no quadro abaixo). O cruzamento de informações gera uma nota final de 0 a 10, que pode ser acessada e comentada pelas usuárias.

“As pessoas adoram julgar os outros. Por que não deixar a sua impressão na internet se sua identidade vai ser protegida?” — pergunta a publicitária Nathália Takenobu. — Também serve como vingancinha de ex-recalcadas e furiosas ou uma forcinha para aquele amigo que não está pegando ninguém.

As avaliações em diferentes categorias, como humor, sexo e compromisso, já estão provocando a ira de muita gente.

“Achei um absurdo a minha foto estar lá sem eu sequer ter autorizado”, diz o engenheiro Felipe Carneiro, que pediu para ser excluído do Lulu depois que soube, por uma amiga, que tinha três avaliações (positivas) sobre ele.

No Brasil para o lançamento do Lulu em português, que acontece na próxima quarta-feira em São Paulo, Alexandra Chong falou ao “Globo a Mais”, por e-mail, sobre as garantias de anonimato para quem participa, comentou sobre as reclamações masculinas e disse que pretende lançar uma versão para gays.

Por que fazer um lançamento especial do Lulu no Brasil?

O Brasil foi uma escolha fácil para o nosso primeiro lançamento fora dos Estados Unidos, porque é um dos países mais sociáveis do mundo e tem uma conhecida cena de festas e encontros.

De que maneira o aplicativo pode alterar a forma como homens e mulheres se relacionam?

Com mais de 8 milhões de homens jovens e solteiros na Grande São Paulo, pode ser difícil separar os bons dos ruins. O Lulu prepara as meninas nesse ambiente, permitindo que elas avaliem os homens anonimamente e tenham informações para tomar as melhores decisões.

A privacidade é o maior temor das mulheres que baixaram o aplicativo. Que garantias o Lulu dá em relação ao anonimato de quem faz as avaliações?

As usuárias de Lulu são sempre anônimas. Nem os garotos nem as garotas podem ver o que você está fazendo ou quando você está no aplicativo. O seu nome nunca é vinculado a qualquer avaliação.

Qual é sua resposta às críticas de que o seu aplicativo reduz os homens a hashtags e notas?

Lulu é um reflexo do mundo real. É perfeitamente normal que as garotas discutam sobre garotos e relacionamentos.

E sobre as críticas de que o Lulu é injusto com homens, já que eles não escolhem estar ali?

Todos os dias ouvimos garotos que querem estar no Lulu. Na verdade, já recebemos mais de meio milhão de pedidos de pessoas querendo ser avaliadas também. O Lulu é totalmente provocante, e nós achamos isso uma coisa boa: significa que nós estamos criando um produto que é considerado interessante e útil.

A opção de fazer comentários anônimos em sites costuma provocar os piores tipos de ataques e respostas. Por que você acha que com o seu aplicativo é diferente?

Nós construímos o Lulu para ser um ambiente seguro e divertido para todos. Por isso, temos diferentes tipos de proteções dentro do aplicativo. Ao contrário do FourSquare, as mulheres não podem escrever em suas avaliações. Funciona como um quiz de revista feminina em que as usuárias precisam responder a questões de múltipla escolha. Os botões de concordar e discordar permitem que as garotas determinem a veracidade de cada avaliação. Além disso, o aplicativo é apenas para amigos. Os homens só podem ser vistos e avaliados por suas amigas do Facebook. E também é bem fácil de sair. Se você não quiser ser avaliado tiramos o seu perfil imediatamente.

E se um homem quiser entrar para bisbilhotar o que falam dele? Como prevenir os perfis falsos?

Estamos em conformidade com os termos e condições do Facebook e sempre conectados aos perfis originais.

Alguma ideia de ter uma versão para o público masculino?

Optamos por não criar um produto para os garotos avaliarem mulheres, mas esta pode ser uma ideia positiva. Vai depender de como o aplicativo será concebido e se incluirá proteção contra abusos.

E um aplicativo do tipo para os gays?

Estamos muito animados para desenvolver um produto para a comunidade LGBT, mas infelizmente não temos como anunciar nada ainda.

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