Com celular, população nem se lembra de procurar orelhão nos tempos atuais

Largado às moscas nas rua, até mesmo para encontrar o cartão para o telefone ficou difícil. A expectativa é que com redução dos orelhões e modernização a situação mude

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Largado às moscas nas rua, até mesmo para encontrar o cartão para o telefone ficou difícil. A expectativa é que com redução dos orelhões e modernização a situação mude

A redução de aproximadamente 530 mil orelhões em todo o país, conforme anunciou a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), não deve incomodar a população. Desde que o celular se popularizou, o telefone público vem perdendo espaço. Poucos são os que ainda utilizam o serviço. E mesmo assim, em último caso.

Isabete Côrrea, 42 anos, recreadora, disse que usa o orelhão raramente. Segundo ela, recorre ao aparelho apenas quando acaba a bateria do celular. Hoje, foi um desses dias. “Fiquei sem bateria. Então usei o orelhão. Mas, como nunca uso, não tinha cartão. Por isso, fiz a ligação a cobrar”, explicou.

Assim como ela, o casal Luciana Souza Costa, 29 anos, do lar, e Itan Celestino da Silva, 41 anos, garçom, afirma que a comunicação por orelhão só em casos de emergência. Luciana, inclusive, diz que não se lembra da última fez que precisou do serviço.

Cada dia é mais raro encontrar pessoas usando os orelhões na cidade. O celular caiu no gosto do brasileiro pela facilidade de comunicação. Para se ter uma ideia, o Brasil fechou o ano passado com quase 262 milhões de linhas ativas de telefonia móvel. Um crescimento de 19,5 milhões de novas habilitações em relação ao ano anterior, segundo dados da Anatel.

O crescimento na base de assinantes foi de 8%, muito acima do crescimento populacional brasileiro. Os usuários que fazem uso do modelo pré-pago representam 80,5% das linhas (211 milhões de acessos). Os pós-pagos representam os 19,5% restantes (50,9 milhões de usuários).

Para tentar recuperar parte desse mercado, a Anatel quer turbinar os aparelhos que não forem retirados de circulação. O orelhão ‘hi-tech’ deverá conter uma séria de novas tecnologias. Além da tradicional chamada de voz, será disponibilizado videofone, transmissão de mensagens (SMS), acesso à internet e Wi-Fi. O acesso sem fio também poderá ser feito por notebooks, smartphones e tablets, a partir dos novos orelhões.

A medida agrada. Janilse Torres, 27 anos, esteticista, conta que não usa orelhão. Mas, se os aparelhos oferecessem recursos tecnológicos voltaria a utilizar. “Se tivessem recursos mais inteligentes eu usaria”, disse.

Tecnologia ultrapassada

O uso dos orelhões tem diminuído com a introdução de novas tecnologias. Dados mostram que 49% dos aparelhos disponíveis no país, 420 mil, não chegam a realizar duas chamadas por dia. A média mensal que era de R$ 110,00 em ligações das operadoras, hoje está entre R$ 10 e R$ 14. Além disso, a tecnologia utilizada é a mesma de 20 anos e apresenta dificuldades que vão desde a forma de cobrança, funcionalidade e acesso.

Levantamento feito pela Agência em dezembro de 2012 mostra que existem hoje em Mato Grosso do Sul 12.319 orelhões, sendo 11.999 acessíveis 24h, 514 adaptados para cadeirantes e 28 para deficientes auditivos e de fala.

Dificuldade para encontrar o cartão

Outra dificuldade apontada pelos usuários é a dificuldade para comprar o cartão. A funcionária pública Jovelina Maria de Oliveira, 42 anos, disse que costuma usar orelhão porque viaja muito para o interior, e segundo ela, em muitas cidades o sinal do celular não funciona. “Tem lugar que o celular não pega. Então, sempre tenho um cartão comigo. Compro o cartão aqui em Campo Grande, porque é difícil encontrar posto de venda no interior”, disse.

Em média, o cartão com 20 unidades sai por R$ 4,00, de 40 unidades R$ 7,00 e de 75 unidades R$ 10,00. A reportagem precisou andar para encontrar o cartão para vender. Nas bancas de revistas foram os locais onde mais se encontrou o cartão.

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