Brasil não corre risco de falta de engenheiros, diz Ipea

O Brasil não corre o risco de um “apagão” generalizado de mão-de-obra de engenharia. Essa é a conclusão de artigo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), discutido hoje (5) em debate promovido pelo próprio instituto. Segundo os autores, apesar de ainda estar abaixo de outras profissões, o número de engenheiros exercendo a atividade têm […]

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O Brasil não corre o risco de um “apagão” generalizado de mão-de-obra de engenharia. Essa é a conclusão de artigo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), discutido hoje (5) em debate promovido pelo próprio instituto. Segundo os autores, apesar de ainda estar abaixo de outras profissões, o número de engenheiros exercendo a atividade têm crescido desde os anos 2000 e a tendência é aumentar ainda mais no curto e médio prazo com a graduação de novos profissionais.

O artigo é dos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) Mario Sergio Salerno, Leonardo Melo Lins, Bruno Cesar Pino Oliveira de Araujo, Leonardo Augusto Vasconcelos Gomes, Demétrio Toledo e Paulo Meyer Nascimento. Segundo eles, um cenário econômico favorável torna a carreira atrativa – o que vale também para o oposto. O dados analisados por eles mostram que o percentual de engenheiros exercendo ocupações típicas era 29% em 2000 e foi crescendo ano a ano até alcançar 38% em 2009.

A tendência é seguida pela oferta no mercado de trabalho. As vagas para engenheiros cresceram 85% em uma década, chegando a aproximadamente 230 mil profissionais. Os engenheiros apresentam, no entanto, um percentual de ocupações típicas inferior a outras profissões. O estudo cita a carreira médica, cujo percentual chega a 80%.

“Em termos quantitativos, o mercado têm sinalizado bem. Em 2005, 2006, com a valorização do prêmio salarial e com a divulgação na imprensa [da falta de profissionais], tem aumentado a procura pelos cursos. As instituições públicas e privadas começaram a ofertar muitas vagas e os alunos responderam. No ano passado tivemos mais alunos procurando engenharia que direito, pela primeira vez na história”, diz um dos autores, Bruno de Araujo.

O pesquisador apresenta uma preocupação. No longo prazo, caso haja um enfraquecimento da economia é possível que haja também a fuga desses profissionais e a carência pode vir a ser um problema.

Outro artigo apresentado no debate, de autoria dos técnicos do Ipea, Aguinaldo Nogueira Maciente e Paulo A. Meyer M. Nascimento, faz uma projeção da demanda por engenheiros. De acordo com eles, a expectativa é que, até 2020, o número de engenheiros requeridos pelo mercado de trabalho formal atinja entre 600 mil e 1,15 milhão de profissionais.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, disse que o Brasil tem aumentado o número de ingressantes em engenharias, especialmente desde 2007, com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

O Brasil tem 18,8 ingressantes em engenharia para cada 10 mil habitantes, número acima da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é 15,3. Entretanto, o número total de matrículas ainda é a metade da média desses países – 44,5 para cada 10 mil habitantes no Brasil e 78,5 em média para cada 10 mil habitantes nos países da OCDE. “Ainda há o que fazer, mas estamos no caminho certo”, avalia Costa.

O Inep planeja uma forma de acompanhamento dos estudantes concluintes de engenharias. A intenção é, em parceria com as instituições, fazer um acompanhamento dos estudantes egressos e verificar de que forma estão atuando no mercado ou no ambiente acadêmico. A proposta ainda está em discussão.

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