Procuradores da República visitam áreas indígenas em MS

Cinco Procuradores da República visitaram nesta terça feira, 27, três áreas indígenas guarani kaiowa nos municípios de Paranhos e Iguatemi, no sul de Mato Grosso do Sul. A comitiva ainda teve a presença do antropólogo do Ministério Público Federal, de Dourados, Marcus Homero, da Polícia Federal, de integrantes da organização Advogados sem Fronteiras e de […]

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Cinco Procuradores da República visitaram nesta terça feira, 27, três áreas indígenas guarani kaiowa nos municípios de Paranhos e Iguatemi, no sul de Mato Grosso do Sul.

A comitiva ainda teve a presença do antropólogo do Ministério Público Federal, de Dourados, Marcus Homero, da Polícia Federal, de integrantes da organização Advogados sem Fronteiras e de cinco servidores da Funai de Ponta Porã. Os acampamentos Arroyo Kora, Ypo’i e Pyelito Kue, receberam os procuradores, dentre eles, a Sub Procuradora Geral da República, Gilda Carvalho. O objetivo da comitiva foi verificar a situação dos indígenas na região, informada em relatórios através de denúncias feitas pelo MPF. Durante a visita, os indígenas falaram sobre dificuldades relacionadas à saúde, educação e alimentação. Mas o foco principal das conversas foi a questão fundiária e a violência contra indígenas na região.

Em Pyelito Kue, os procuradores verificaram a falta de mobilidade dos indígenas, que precisam atravessar o rio Hovy para sair do acampamento e receber assistência alimentícia e de saúde. Além disso, ouviram relatos da violência freqüente no acampamento. A indígena Marcia Lopes falou sobre as ameaças recorrentes e sobre a violenta reação dos latifundiários na última retomada do território, no ano de 2011. Cega, em virtude da explosão da pólvora, ela mostrava a bala de arma de fogo alojada no braço esquerdo enquanto contava a história: “O dono da fazenda mandou pistoleiros para tirar a gente daqui. A ordem era para atirar em todos e quebrar os braços das mulheres. A bala ficou aqui no meu braço e depois eu não consegui mais enxergar. Outras pessoas também ficaram com balas no corpo e, depois de algum tempo, morreram”, disse.

Já em Ypo’i, além das denúncias de ameaça e violência, a comitiva assistiu ao vídeo que mostra as águas do córrego, que leva o mesmo nome do acampamento, cobertas por uma espuma branca espessa. A denúncia de envenenamento do córrego foi feita pelos indígenas há oito dias. Para uma das lideranças do local, Rodolfo Vera, a presença da comitiva nas aldeias é positiva: “Nunca vi um grupo tão grande do Estado aqui. Fico muito feliz com a visita deles, porque estão vendo, com os próprios olhos, nossas dificuldades. Mas nós vamos cobrar os resultados. Tem que melhorar, alguém tem que olhar para a gente”, disse.

O antropólogo do MPF em Dourados, Marcus Homero, disse que a visita dos procuradores é uma oportunidade para que o governo pense num horizonte melhor para os indígenas: “Só pela oportunidade de conhecer, in loco, três áreas que estão em evidência, já valeu a pena. É um momento em que o MPF se une ao Governo Federal para encontrar soluções para a questão fundiária e outras demandas relacionadas aos indígenas”.

A Sub Procuradora Geral da República, Gilda Carvalho, disse que o que viu nas áreas indígenas condiz com os relatórios: “É uma comunidade muito carente de tudo, de saúde, de mobilidade, de segurança. E mesmo com todas essas dificuldades, os indígenas resistem de forma pacífica. Eu estudei os relatórios, mas ter vindo aqui foi muito forte, foi real”, afirmou.

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