Para deputado, é abuso de poder participação do governo em operação para recolher panfletos

Parlamentares manifestaram preocupação com a possibilidade de a “truculência” se repetir na campanha eleitoral e de operação passar imagem de o “Estado ser terra sem leis”

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Parlamentares manifestaram preocupação com a possibilidade de a “truculência” se repetir na campanha eleitoral e de operação passar imagem de o “Estado ser terra sem leis”

A participação da cúpula do Governo do Estado em operação para apreender panfletos com a reprodução de reportagem da Revista Isto É, intitulada “As provas sumiram”, gerou polêmica nesta quarta-feira (11) na Assembleia Legislativa.

Na tribuna, o deputado estadual Paulo Duarte (PT) classificou o envolvimento de integrantes do governo na ação como “abuso de poder” e manifestou preocupação com a possibilidade de a “truculência” se repetir nas eleições municipais. Cabo Almi (PT), por sua vez, disse que com atitudes como essa o “Estado passa a imagem de ser terra sem leis”.

Em defesa do Executivo, o vice-líder do governo na Assembleia, deputado Márcio Fernandes (PTdoB), destacou que a aprovação superior a 70% da administração estadual mostra que o povo está satisfeito com a atual gestão. Ele ainda chamou de “falsa” a reportagem da Revista Isto É.

Na tarde de ontem (10), cinco pessoas foram detidas por transporte e distribuição do material da revista Isto É. A reportagem revela que “Gravações que sustentavam ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o deputado federal Edson Giroto (PMDB), pré-candidato a prefeito da Capital, e o filho do governador, André Puccinelli Júnior, desapareceram e comprometem a atuação da Justiça”.

A intervenção do governo na operação-abafa ficou evidente com a chegada, na delegacia, do secretário de governo do Estado, Osmar Domingues Jerônymo, do diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Razanauskas Neto e do comandante da Polícia Militar, coronel Carlos Alberto David dos Santos.

“Abuso de poder”

“O que vimos ontem é abuso de poder, pois usaram a estrutura do governo para coibir algo que não agradou a cúpula do Executivo”, declarou Paulo Duarte na tribuna da Assembleia. “Minha preocupação, até como pré-candidato (a prefeito de Corumbá) é na possibilidade de a campanha eleitoral seguir nesse nível”, emendou.

No microfone de aparte, o deputado Pedro Kemp (PT) lamentou o fato de o governo intervir no direito à informação da população. “A matéria é pública”, comentou.

Pré-candidato a prefeito da Capital, o deputado Alcides Bernal (PP), destacou que somente a Revista Isto É teria “legitimidade” de apreender os panfletos, levando em conta seu direito autoral. Ele ainda cobrou “decência” na condução do debate eleitoral. “Espero que este fato sirva de exemplo para a população ver quem é quem”, acrescentou.

Cabo Almi defendeu atuação firme da cúpula do governo como essa em outras operações “para prender criminosos e fechar a fronteira”. “Está passando a imagem de o Estado ser uma terra sem leis, onde quem manda é meia dúzia de caciques”, completou.

Para o petista, essa operação demonstra o temor dos governistas por “ver candidato da oposição (Alcides Bernal) liderando a corrida pela sucessão da prefeitura da Capital”. “Eles não aceitam a mudança de rumo”, disse.

Em defesa do Executivo, Márcio Fernandes disse que a aprovação do governo prova que “a população está satisfeita com a atual gestão”. Ele ainda criticou a reportagem da Revista Isto É. “Os panfletos são mentirosos, foi aberto boletim de ocorrência porque a CUT está por trás disso”, afirmou.

O deputado Márcio Monteiro, vice-presidente regional do PSDB, acrescentou ainda que apenas com “ordem judicial” seria possível recolher os panfletos das ruas.

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