Moradores do Dom Antonio são surpreendidos por grupo derrubando barracos improvisados

De acordo com os próprios populares do bairro, perto do lixão de Campo Grande existem cerca de 40 barracos. Pelo menos 15 foram derrubados na tarde desta segunda-feira (2).

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De acordo com os próprios populares do bairro, perto do lixão de Campo Grande existem cerca de 40 barracos. Pelo menos 15 foram derrubados na tarde desta segunda-feira (2).

O ano novo não começou nada bem para algumas famílias do Dom Antonio Barbosa, considerado um dos bairros mais carentes de Campo Grande. Na tarde desta segunda-feira (02), de acordo com moradores, homens da Guarda Municipal e representantes da EMHA (Empresa Municipal de Habitação) estiveram na região e derrubaram vários barracos.

“Se a gente não saísse, disseram que iam derrubar tudo com a gente dentro mesmo. E o pior é que falaram ainda que iam mandar os adultos para o Cetremi (Centro de Triagem e Apoio ao Migrante) e nossos filhos para o Conselho Tutelar”, relatou Welington da Silva Jacinto.

Indignado, com a filha de 09 meses no colo, o rapaz, que atualmente está desempregado, falou que o grupo chegou de repente. “Chegaram ameaçando e intimando todos. E eles acham que têm direito de chegar assim e dizer que vão levar nossas crianças? Cadê nossos direitos? Queremos apenas uma casinha popular, como é garantido pela nossa Constituição!”, desabafou Welington.

Ainda assustada, a manicure observava os destroços de seu barraco que acabava de ser derrubado, por volta das 16h40 de hoje. “Eu tava terminando de construir o ‘barraquinho’. E falaram que se eu construísse de novo, eles iam derrubar de novo”, desabafou Katlyn Dayane Brito.

Segundo informou a mãe de um menino de 03 anos, ela morava de aluguel ali perto do bairro, mas como atrasou o pagamento por dois meses, foi despejada. “A proprietária não quis nem saber, já mandou eu sair da casa. E agora, o que vou fazer?”, questiona Katlyn.

Muitos barracos no Dom Antonio

No local da discórdia, o presidente do Movimento dos Sem Casa de Campo Grande, Giunaldo Ferreira, informou que na região são cerca de 40 barracos e que pelo menos 15 foram derrubados na tarde desta segunda-feira. “Não cumpriram o acordo que a EMHA tinha com a gente. Que até esse Natal, as famílias seriam removidas e levadas para residências. Mas, ao invés de casas, derrubaram os barracos das pessoas e expulsaram os moradores”, comentou Ferreira.

Perto dali, inocente, o filho de Katlyn brinca tranquilamente na terra, em meio à polêmica e à revolta dos moradores. Junto aos demais que perdiam as moradias (se é que podemos assim dizer), estava um antigo morador do Jardim Pênfigo, que também pagava aluguel. “Eram R$300,00, mais os outros gastos, como alimentação, tava pesando demais”.

O depoimento do ajudante de pedreiro se completa com essa outra informação. “Já fiz umas quatro inscrições nesses programas de casas populares. Sempre falam que vão ajudar a gente, mas nada. Hoje minha mulher teve que sair daqui com meu filho de 08 meses porque tava passando mau, tava assustada demais com a ação desse pessoal, com a derrubada dos nossos barracos”, afirmou Wellisnaycon Turaça Domiciano.

Problemas em família

Pai de um menino de 05 anos, o irmão de Wellisnaycon também lamenta a situação. Ele estava acabando de montar o pequeno barraco para abrigar a família quando teve a surpresa desagradável. “Derrubaram tudo e agora ficou mais complicado ainda. Pra piorar, só minha esposa tá trabalhando por enquanto”, lembrou Tiarojun Turaça.

A convite da família, a reportagem do Midiamax entrou na ‘moradia’ de Welington (o primeiro entrevistado) e registrou as precárias condições no barraco. Os poucos móveis todos amontoados em único cômodo, coberto por uma lona preta. No local, mesmo com ventilador ‘velho’ ligado, o calor é insuportável e o banheiro é bastante improvisado, não oferece nenhum tipo de higiene.

“O pior de tudo é que um monte de gente que não precisa de casa e consegue uma. Tem gente que pega a casa e vende, pois nem precisa. Já a gente que não tem pra onde ir, fica um tempão na fila sonhando com um teto digno”, reclamou Welington.

EMHA e Guarda Municipal

A reportagem do Midiamax rodou a região formada pelos barracos para falar com algum responsável pelas derrubadas, mas o grupo já tinha ido embora. Segundo alguns moradores, eles (EMHA e Guarda Municipal) devem voltar amanhã para continuar o que começaram nesta segunda-feira.

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