Mesmo com rendimento menor, poupança é boa opção, dizem analistas

Apesar das mudanças no cálculo do rendimento da poupança, a caderneta continua sendo uma boa opção para os pequenos investidores, segundo especialistas em finanças pessoais. Nesta quarta-feira (30), o Banco Central cortou a taxa básica de juros (Selic) de 9% ao ano para 8,5%. Sempre que a Selic ficar em 8,5% ao ano ou menos, […]

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Apesar das mudanças no cálculo do rendimento da poupança, a caderneta continua sendo uma boa opção para os pequenos investidores, segundo especialistas em finanças pessoais.

Nesta quarta-feira (30), o Banco Central cortou a taxa básica de juros (Selic) de 9% ao ano para 8,5%. Sempre que a Selic ficar em 8,5% ao ano ou menos, a regra de rendimento da poupança será modificada e a caderneta passará a render menos.

Ainda assim, para o professor de finanças pessoais Ricardo Humberto Rocha, do Insper, a poupança ainda é vantajosa principalmente para o investidor tradicional da poupança, ou seja, aquele que tem menos de R$ 10 mil aplicados.

Quem tiver mais de R$ 10 mil para aplicar, diz Rocha, pode até contar com outras opções mais interessantes do que a caderneta. “Mas, ainda assim, é preciso levar em consideração algumas variáveis, como valor investido, prazo de investimento, cobrança de Imposto de Renda e taxa de administração”, diz.

A poupança não sofre cobrança de taxa de administração nem incidência de Imposto de Renda.

Ele diz que os títulos do Tesouro Direto, especialmente aqueles que são indexados pelo IPCA (o índice de inflação oficial do governo), são interessantes. “Eles são bons par quem vai investir por mais de um ano porque, se inflação voltar a subir, o investidor fica protegido”, afirma.

Rocha diz, porém, que nesse caso é preciso pesquisar o valor da taxa de custódia. “Além disso, o primeiro cadastro no Tesouro Direto pode dar algum trabalho, porque a pessoa precisa ir pessoalmente até uma corretora.”

Taxas dos fundos ainda estão altas

O vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira, diz que, mesmo com as mudanças, a poupança permanece mais interessante do que os fundos de renda fixa na maior parte dos casos.

“Os fundos ainda têm taxas de administração muito altas”, diz Oliveira. Alguns bancos anunciaram, nas últimas semanas, cortes nas taxas de administração dos fundos.  Mas os cortes não atingiram todos os fundos, segundo ele.

Segundo o vice-presidente da Anefac, uma aplicação de seis meses em um fundo com taxa de administração de 1% ao ano rende cerca de 0,47% ao mês –menos do que a “nova poupança”.

Os fundos só seriam mais vantajosos do que a poupança em aplicações por períodos superiores a dois anos, pois assim sofrem uma incidência menor de Imposto de Renda e rendem, em média, 0,52% ao mês.

‘Investidor precisa de mais cautela’

A professora Silvia Matos, do IBRE-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), diz que as taxas de administração dos fundos de renda fixa ainda deverão demorar a cair para os pequenos investidores, o que, ela também concorda, ainda deixa a poupança vantajosa.

Para ela, no entanto, a mudança nas regras da poupança cria uma boa oportunidade para o brasileiro passar a se informar mais sobre investimentos.

“Quando a taxa de juros está alta, o retorno dos investimentos é maior. Quando a taxa cai, pequenos detalhes fazem diferença, como a própria taxa de administração cobrada. O investidor precisará ter mais cautela e conhecer mais o mercado antes de investir”, afirma.

 

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