Médicos do Hospital da Vida fazem paralisação nesta quarta-feira

O corpo clínico do Hospital da Vida, formado por 110 médicos paralisa os atendimentos e nesta quarta-feira (6). Apenas os pacientes em estado de urgência e emergência serão atendidos. A categoria denuncia a superlotação, e falta de estrutura para trabalhar. Em assembléia na semana passada eles decidiram que vão pedir demissão em massa caso não […]

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O corpo clínico do Hospital da Vida, formado por 110 médicos paralisa os atendimentos e nesta quarta-feira (6). Apenas os pacientes em estado de urgência e emergência serão atendidos. A categoria denuncia a superlotação, e falta de estrutura para trabalhar.

Em assembléia na semana passada eles decidiram que vão pedir demissão em massa caso não haja resposta do poder público em relação a crise. De acordo com o diretor clínico do Hospital da Vida, o pediatra Luiz Carlos de Arruda Leme, a fonte do problema está na falta de repasses condizentes com o número de atendimento prestado.

Conforme o Conselho Municipal de Saúde, os hospitais da Vida e Universitário, já acumulam juntos dívidas de mais de R$ 3 milhões ao mês; em torno de R$ 36 milhões ao ano.

De acordo com Arruda, houve um dia de paralisação dos serviços como um alerta à Prefeitura de Dourados. “Não houve avanço nas negociações e a única resposta que tivemos foi uma placa que a Prefeitura pregou em frente ao Hospital da Vida informando que a unidade era administrada pelo Evangélico; uma espécie de cortina de fumaça para disfarçar que a gestão da Saúde pública é realizada pelo município, a quem compete resolver o problema. Nós nunca dissemos que o problema era só da Prefeitura. O que sempre propomos foi que além do município, Estado e União possam intervir na problemática e juntos dar uma solução para o déficit nos repasses ao Hospital”, destaca.

O médico diz que esta paralisação é um segundo alerta e que o terceiro é a demissão em massa em dez dias. “Nenhum profissional é obrigado a trabalhar sem condições. Falta todo o tipo de material e em tempos onde virou moda processar os profissionais por supostos erros, os riscos dos profissionais e dos pacientes são muitos. Queremos dar atendimento de qualidade aos douradenses”, desabafa.

Segundo ele, os médicos vêm atendendo cerca de 40% a mais do que está pactuado com o município de Dourados em contrato. O problema é que os recursos repassados ao Hospital pelo município não suprem a demanda maior de atendimentos. Com isto, segundo os médicos, há cirurgias de altas e médias complexibilidades, vasculares entre outros atendimentos, cujos valores não são ressarcidos ao hospital. Por causa disso o HE estaria acumulando milhões em dívidas para manter os serviços dirigidos a mais de pacientes, mês a mês. O problema, diz o médico, é que com o déficit o Hospital não pode investir no que realmente necessita como o aumento no número de leitos e mais equipamentos.

Conforme Arruda, o movimento é um alerta para que o município, estado e união busquem soluções para aumentar os repasses ao Hospital, que com o tempo poderá fechar as portas diante dos prejuízos. O valor de R$ 1,5 milhão de prejuízo mensal do Hospital da Vida é calculado com base em atendimentos como exames, consultas e cirurgias a mais que as unidades prestam sem o devido reembolso financeiro da Prefeitura de Dourados, que tem contrato com os hospitais. A precariedade dos serviços do HV e HU é tão sério que já são 1.300 pessoas na fila de espera para exames de endoscopia e mais de 700 na fila das cirurgias de cataratas. Neste caso o Hospital Universitário é contratado para atender 16 cirurgias de catarata por mês.

Prefeitura

A Secretária de Saúde de Dourados, Sílvia Bosso, confirmou recentemente ao O PROGRESSO que o déficit de recursos hospitalares existe, mas que é de responsabilidade da tripartite (Prefeitura, Estado e União) garantirem sua manutenção. De acordo com ela, a Prefeitura busca sensibilizar as demais instâncias para contribuírem com um aporte financeiro para o custeio mensal dos serviços disponibilizados pelo poder público.

A secretária afirma que a Prefeitura aplica hoje 24% da arrecadação para a saúde, o que representa 9% a mais do que preconiza a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Segundo o Conselho Municipal de Saúde, Dourados é uma das três macro regiões do Estado e atende mais de 800 mil pessoas que chegam de 35 municípios. A entidade defende que o Estado poderia intervir em Dourados, tendo em vista que a Prefeitura já sinalizou não ter condições para tanto e aumentar os investimentos mensais.

Para o Conselho a cada dia o custo da saúde é maior em Dourados. Isto porque a cidade conta com mais de 200 mil cartões do Sistema Único de Saúde (SUS), quando a população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 196 mil.

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