Inspeção constata que não existe “UTI Móvel” em hospital de Aquidauana

Não existe “UTI Móvel” no Hospital Regional Doutor Estácio Muniz, em Aquidauana, 135 quilômetros a oeste de Campo Grande. O fato foi constatado por meio de uma inspeção judicial, comandada pelo juiz da 2ª Vara Cível da Comarca, José de Andrade Neto, durante toda a tarde e início da noite desta sexta-feira (23 de março […]

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Não existe “UTI Móvel” no Hospital Regional Doutor Estácio Muniz, em Aquidauana, 135 quilômetros a oeste de Campo Grande. O fato foi constatado por meio de uma inspeção judicial, comandada pelo juiz da 2ª Vara Cível da Comarca, José de Andrade Neto, durante toda a tarde e início da noite desta sexta-feira (23 de março de 2012).

Depois de audiência, realizada a partir das 13h30 no Fórum, com as presenças do prefeito Fauzi Suleiman (PMDB) e do seu concunhado e ex-secretário (Gerente) de Saúde, Paulo Reis; o juiz comunicou que iria até o Hospital Regional, com o promotor José Maurício de Albuquerque, os réus Fauzi Suleiman e Paulo Reis, seus advogados e assessores do Judiciário.

Na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), foi feita e verificação das condições das instalações e dos medicamentos e alimentos (dietas) disponíveis aos pacientes. Cinco pessoas estavam internadas ali. A capacidade da UTI é de 10 leitos. Destes, seis estão aptos a funcionar.

O médico de Campo Grande, Paulo André Costa Novaes, 44 anos, chamado pelo juiz Andrade Neto, para auxiliar na inspeção, constatou que a UTI operava normalmente.

Quanto à chamada “UTI Móvel”, usada para o transporte de pacientes, de Aquidauana para Campo Grande, a inspeção judicial apurou, conforme relatório oficial, extraído dos autos, que “foi informado pelo médico de plantão, Dr. Rodrigo Marquez Barbero e pela enfermeira responsável, Cleide Monteiro Zemolin que, quando há necessidade de se transportar um paciente que encontra-se na UTI, é utilizada uma ambulância denominada de “UTI móvel”. Porém, informaram que na aludida ambulância não existe monitor, respirador mecânico e oxigênio. Quando há necessidade de auxílio na respiração do paciente, é utilizado o “ambu”, onde uma pessoa vai, manualmente, realizando as ventilações. O médico Rodrigo informou que, na verdade, não existeUTI móvel.

Pelas informações colhidas com o médico e enfermeira acima mencionados, o médico que acompanhou o juízo na inspeção, Dr. Paulo André Costa Novaes, concluiu que não existe UTI móvel no hospital de Aquidauana, sendo que a ambulância utilizada para realizar o transporte de pacientes que estão na UTI não se presta ao aludido fim, visto que não tem as mínimas condições necessárias para se caracterizar uma UTI móvel.”

No processo Nº 00030072920108120005, que tramita na 2ª Vara Cível de Aquidauana, o prefeito Fauzi Suleiman (PMDB) e o ex-secretário de Saúde, Paulo Reis; são acusados de supostas irregularidades no Hospital Regional, que está sob intervenção da prefeitura. Nesse processo, são relatadas denúncias sobre um paciente que, depois de sofrer um acidente na Br-262, permaneceu quase um mês – no fim do ano de 2010 – na UTI, aguardando uma cirurgia no fêmur. O médico responsável, ouvido pelo Ministério Público, informou que não havia material para fazer a cirurgia.

Outro depoimento, tomado pelo Ministério Público, trata de um transporte de paciente, de Aquidauana para Campo Grande. Como a até então chamada “UTI Móvel” estava quebrada, foi improvisada uma outra, comum. Na estrada, segundo relato de um parente do paciente, acabou o oxigênio. Com a ajuda de um enfermeiro, o próprio parente teria bombado oxigênio, durante parte da viagem, usando um “embu”.

Para o prefeito Fauzi Suleiman e o seu concunhado e ex-secretário de Saúde, Paulo Reis, todas essas situações seriam parte de um esquema de pressão, usado pelo médico que, na e´poca dos fatos, chefiava a UTI e queria um aumento de 150% nos honorários pagos a ele e à sua equipe.

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