Idosa pode ser despejada de prédio onde vive após golpe da pastora estelionatária

Vítima deve ao menos cinco anos de condomínio de prédio onde vive, enquanto pastora mora em sua residência, avaliada em R$ 535 mil. “Ela é a maior ladra de Mato Grosso do Sul”, diz.

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Vítima deve ao menos cinco anos de condomínio de prédio onde vive, enquanto pastora mora em sua residência, avaliada em R$ 535 mil. “Ela é a maior ladra de Mato Grosso do Sul”, diz.

Cogitada em ser expulsa do prédio em que reside pelos próprios condôminos, a vítima da pastora estelionatária, Orlanda de Oliveira Rosa, 80 anos, afirma que passa por dificuldades e não vê a hora de reaver os seus bens.

Por cerca de cinco anos, ela realizou doações para a pastora da Igreja Pentecostal Unidos pela Fé, Julieta de Souza e o marido Nelson Gimenes, incluindo um veículo Corolla, procurações para movimentação de sua conta bancária e aposentadoria, além de uma casa na rua Espírito Santo, avaliada em R$ 535 mil.

“Ela está lá morando na minha casa enquanto eu não pago o condomínio no meu prédio há cinco anos. Até este mês, nem sei como, ela conseguiu me retirar R$ 800. E estou vivendo com dificuldades, meu dinheiro só dá para pagar a luz e a alimentação. Inclusive o meu telefone foi cortado esses dias e só consegui pagar com ajuda dos irmãos”, afirma a idosa.

Indignada com a situação, ela conta que a pastora e o marido acabaram com a sua vida. “Ela é a maior ladra de Mato Grosso do Sul e parece estar “endemoniada”. Mas só caí na realidade depois de ter sido muito inocente. Ela dizia que estava fazendo orações e, quando na verdade, vinha na minha casa para me roubar. E não foi só eu, porque depois que o caso veio a tona, dezenas de outras vítimas apareceram”, conta a idosa.

Com muitas dívidas, o advogado da vítima, Afrânio Alves Côrrea, afirma que já fez pedidos de urgência para análise do caso. “Pedimos busca domiciliar para reaver os documentos e bens subtraídos, além da devolução imediata da casa avaliada em mais de meio milhão e a quebra de sigilo bancário dos últimos cinco anos, de 2007 a 2012 e agora aguardamos a decisão judicial”, explica o advogado.

O advogado conta ainda que também se indigna do fato da pastora e a família continuarem morando na casa tranquilamente, enquanto a idosa passa por necessidades. “Eu até encontrei um corretor de imóveis em um supermercado e ele me disse que viu as matérias e se assustou com o fato. Segundo ele, a pastora o chamou para avaliar a casa e colocar a venda, que estava com muita pressa, mas que não poderia nem colocar placa”, conta o advogado.

Peregrinação

Para cobrar o andamento do processo, o advogado e a pastora compareceram no gabinete do juiz criminal Wilson Correa Leite, mas afirmam que não foram recebidos. “É algo inexplicável e parece que o circulo de influência da pastora é muito grande, porque estamos aguardando o resultado há meses. O inquérito policial e a denúncia já foram oferecidas há pelo menos seis meses e ainda não obtivemos nenhuma resposta”, conclui o advogado.

Estelionato

O caso veio a tona no dia 20 de janeiro deste ano. Na época, foi descoberto que a pastora Julieta saiu de uma edícula alugada no bairro Jardim Imperial para uma residência no valor de R$ 535 mil, na Vila Célia, bairro nobre de Campo Grande.

A casa possui sistema de câmeras, piscina, churrasqueira e sacada seria doação de uma seguidora da seita, uma idosa de 80 anos, que além da casa, passou procurações e um veículo para venda no nome da pastora. A pastora foi indiciada por estelionato e crime contra o idoso, de acordo com o Estatuto do Idoso, Lei 10.741/2003.

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