Greve do Incra em MS preocupa produtores que esperam por análises de processos
“Quando não está de greve já não sai, você calcula agora”, questionou o produtor rural
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“Quando não está de greve já não sai, você calcula agora”, questionou o produtor rural
Um produtor rural de Campo Grande, MS, que estava nesta terça-feira (19) na sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) disse estar apreensivo com a greve do instituto. O homem que preferiu não se identificar – ele disse ter receio do processo demorar ainda mais – contou que os trabalhos no órgão são demorados e a greve deve acentuar ainda mais a morosidade. “Quando não está de greve já não sai, você calcula agora”, questionou.
O produtor disse que há mais de um ano tenta o desmembramento de uma terra da família. Ele explicou que o pai, já idoso (82 anos), está doando a terra em vida aos filhos. Mas, apesar do georreferenciamento estar pronto o desmembramento está enrolado. “Tínhamos preferência para resolver isso, meu pai já é idoso, o Estatuto protege, mas até agora nada”.
O homem disse ainda não discordar da greve, mas enfatiza que a manifestação não pode prejudicar àqueles que precisam dos serviços do órgão. “Não pode prejudicar ainda mais as partes interessadas. Estou há um ano e pouco tentando resolver e nada. Eles não podem esquecer que são funcionários da população”, pontuou.
O delegado da base do sindicato dos funcionários do Incra e analista do órgão, Daniel Tadao Yamamoto, confirma que os processos são demorados. Segundo ele, este é um dos pontos que a classe está tentando resolver. “Uma das queixas dos proprietários de terra é que o Incra é muito moroso na análise dos processos. É para melhorar isso, pra que tenhamos mais funcionários, para que tenhamos uma estrutura melhor que estamos em greve”.
Tadao disse que em 2010 houve um concurso para contratar servidores e que dos cerca de 500 aprovados em todo o país, apenas 100 foram convocados. Hoje, o órgão tem servidores concursados e terceirizados. “Porque não convocam quem passou no concurso”, pergunta.
Dentre as reivindicações dos servidores destaca-se a reposição da mão de obra, melhoria de salários e reestruturação do órgão.
A greve que começou ontem não tem data definida para terminar. Segundo Tadao, eles só voltam às atividades depois que o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão trouxer uma solução para os pontos requeridos. O delegado disse que nas últimas reuniões do Incra com a pasta, em Brasília, a ministra Míriam Belchior enviou representante que disse não ter autonomia para as negociações.
Com a greve, apenas o protocolo está funcionando, assim o órgão continua recebendo os processos, mas não vai fazer as análises dos mesmos nem vai a campo para os trabalhos de georreferenciamento, por exemplo.
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