Governo sírio nega responsabilidade sobre massacre

O governo de Damasco rejeitou neste domingo qualquer responsabilidade sobre o massacre de Houla, que matou 90 pessoas (incluindo 32 crianças) na sexta-feira passada, no centro da Síria. Durante coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Jihad Makdesi, culpou supostos grupos terroristas. “Mulheres, crianças e idosos foram mortos a tiros. Essa não […]

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O governo de Damasco rejeitou neste domingo qualquer responsabilidade sobre o massacre de Houla, que matou 90 pessoas (incluindo 32 crianças) na sexta-feira passada, no centro da Síria. Durante coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Jihad Makdesi, culpou supostos grupos terroristas.
“Mulheres, crianças e idosos foram mortos a tiros. Essa não é a marca do heróico Exército sírio”, disse Makdesi. O Ministério de Exteriores anunciou ainda a criação de um comitê militar para investigar os fatos, um dia antes de o enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, visitar o país.
As mortes causaram indignação internacional. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que após o “pavoroso massacre”, o regime do presidente Bashar al-Assad, baseado em “assassinato e medo”, precisa chegar ao fim. Em uma declaração divulgada no sábado (26), ela disse que “aqueles que cometeram essa atrocidade precisam ser identificados e responsabilizados.”
O ministro do exterior britânico, William Hague, pediu a realização de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU esta semana e disse estar conversando com aliados a respeito de “uma dura resposta internacional”. “Nossa prioridade número um é estabelecer os detalhes deste terrível crime e agir rapidamente para garantir que os responsáveis sejam identificados e punidos.”
O chefe da missão da ONU, o general norueguês Robert Mood, afirmou que o massacre em Houla foi “indiscriminado e imperdoável”. O chanceler francês Laurent Fabius anunciou que estava fazendo acordos imediatos para que seja estabelecida uma reunião em Paris do grupo Amigos da Síria, que inclui nações ocidentais e árabes. China e Rússia não participam do grupo por terem impedido a introdução de medidas punitivas da ONU contra o governo de Bashar al-Assad.
Ativistas dizem que algumas das vítimas morreram no ataque, enquanto outras foram sumariamente executadas por milícias ligadas aos governo, conhecidas como “shabiha”. As autoridades sírias creditam os ataques a “gangues de terroristas armados”.
Plano de paz
Em abril, Damasco prometeu implementar um plano de paz, negociado pelo enviado especial Kofi Annan, que incluía um cessar-fogo e a retirada de armamentos pesados de áreas urbanas. Mas os confrontos na Síria continuaram apesar da presença de cerca de 250 observadores da ONU.
O grupo de oposição Exército Livre da Síria (ELS) disse que não pode mais se comprometer com a trégua, a não ser que o Conselho de Segurança garanta a proteção de civis. Em uma declaração, o ELS afirmou que se medidas urgentes não forem tomadas, o plano de Annan irá “para o inferno”, segundo a agência de notícias AFP.
O grupo diz que as mortes na Síria estão acontecendo “sob o olhar dos observadores da ONU” e pediu que os países “reconheçam o fracasso do plano de Annan”. Moradores locais estão furiosos porque os observadores não fizeram nenhuma intervenção para impedir o massacre.
Abu Emad, de Houla, disse ter contactado sete observadores sobre o ataque durante a noite. “Avisamos a eles que um massacre estava sendo cometido naquele momento em Houla por mercenários do regime e eles se recusaram a vir e parar o massacre.

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